Milton César Freire: Inocente até que a justiça decida julgá-lo
Milton César Freire, o dentista que matou a perita Lorena Batista, na frente de um filho menor, nunca foi preso e na primeira audiência do caso realizada três anos depois, escolheu uma entrada privilegiada do Fórum Ministro Henoch Reis para fugir da imprensa, É "inocente" até que a justiça acelere um julgamento que está entrando para a história do Judiciário amazonense como um escândalo, pela morosidade com que o caso tem "andado".
O dentista Milton César Freire da Silva, acusado de matar com um tiro na nuca há três anos a perita da Polícia Civil Lorena dos Santos Baptista, esteve na manhã de segunda-feira, diante da juíza Mirza Telma Oliveira, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, onde juntamente com duas testemunhas de defesa participou da audiência de instrução e julgamento.
Acompanhados das irmãs, Milton chegou ao Fórum Ministro Henoch Reis, mas não entrou pela porta da frente. Para driblar a imprensa, resolveu entrar pelo subsolo, por onde entram os presos de Justiça , escoltados por policiais militares, o que não é o caso do dentista que nunca foi preso pelo crime do qual é acusado.
Os irmãs de Milton tentaram impedir a imprensa de filmar e fotografar o dentista. Mas como os cinegrafistas e fotógrafos acabaram tendo acesso a sala de audiência, foi possível registrar cenas.
Enquanto a imprensa permaneceu na sala, Milton César ficou o tempo todo de cabeça baixa e com as mãos no rosto.
O advogado Felix Valois, que atua no caso como assistente do Ministério Público, na acusação, disse que a esperança da família é que depois das alegações finais a juíza o pronuncia pelo crime e Milton César, seja levado ao Tribunal do Júri, para ser julgado.
“Na Justiça brasileira, quando o cliente pergunta a um advogado quanto vai durar meu processo, se ele souber, ele acerta na mega sena e sozinho, porque é impossível prever prazo para processo no Judiciário Brasileiro”, disse Valois, se referindo ao trâmite do processo que apura a morte da perita. “As vezes dificuldades no procedimento: não se encontram testemunhas, ai a audiência é adiada é uma séria de fatores, que podem contribuir pra isso. Mas claro que tem uma boa dose de preguiça de algumas partes”, disparou.
O crime
A perita criminal da Polícia Civil, Lorena dos Santos Baptista, foi morta com um tiro na nuca na madrugada do dia 5 de julho de 2010. O ex-marido dela, o cirurgião dentista Milton César Freire da Silva, de quem estava separada havia mais de um ano, é o acusado.
O crime aconteceu no interior do apartamento 307 do condomínio Villas Lobos, no bairro Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul de Manaus, onde Milton César morava. A arma usada no crime, uma pistola PT 40, estava acautelada para Lorena Baptista.
Lorena era perita desde 2008, e estava lotada no Instituto de Criminalística, da Polícia Civil, e era presidente da Associação de Peritos Oficiais do Amazonas.
Familiares informaram à época do crime que Lorena foi ao apartamento do ex-marido para conseguir uma autorização dele para viajar com os três filhos do casal para Brasília, onde ela pretendia fazer um curso.
Uma testemunha disse à polícia que viu Milton César fugindo e que este lhe teria dito: “Matei a minha mulher. Toma conta do meu filho”, e desapareceu deixando o filho, apavorado, diante do corpo da mãe.
Cerca de 48 horas depois do crime, o dentista, acompanhado do advogado Lino Chíxaro, se apresentou ao delegado Mariolino Brito, na Delegacia de Homicídios e Sequestros, onde depois de ser ouvido foi liberado.
Mariolino representou pela prisão preventiva de Milton César, mas a juíza Mirza Telma, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, indeferiu o pedido, mantendo o dentista em liberdade.
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