Peixes desaparecem de rio após construção de hidrelétrica no Amazonas
Manaus/AM - Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) constataram o desaparecimento de espécies de peixes endêmicos no Rio Uatumã, em Presidente Figueiredo (AM), 35 anos após a construção das usinas hidrelétricas de Balbina e Pitinga.
Espécies reofílicas, adaptadas a correntes rápidas e cachoeiras, não foram mais registradas nas áreas impactadas, como apontam dados preliminares de uma expedição realizada em novembro de 2023. Entre elas, o peixe Badi (Mylesinus schomburgkii), antes abundante, é símbolo das drásticas alterações ambientais causadas pela transformação do rio em um lago.
Na segunda fase do estudo, os pesquisadores buscaram as espécies desaparecidas em áreas não afetadas pelas hidrelétricas, como os rios Abacate e Jatapu. Embora o Abacate não apresentasse condições propícias, o Jatapu revelou a presença de algumas espécies antes registradas no Uatumã, incluindo duas ameaçadas de extinção: Apteronotus lindalvae e Harttia uatumensis. Além disso, foram identificadas entre 10 e 15 possíveis novas espécies para a ciência, reforçando a necessidade de aprofundar os estudos na região.
O projeto ressalta os impactos das hidrelétricas na biodiversidade local e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas, como destacou a pesquisadora Rapp Py-Daniel. A equipe espera que os resultados auxiliem em ações de conservação e forneçam subsídios para políticas públicas de preservação junto a órgãos ambientais, como Ibama e ICMBio. A pesquisa evidencia o urgente desafio de equilibrar desenvolvimento energético e proteção ambiental na Amazônia.
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