Manaus/AM - O Censo de 2022 revela a grave crise de saneamento no Brasil, com impactos diretos sobre a vida de milhões de pessoas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Estima-se que 6 milhões de brasileiros vivam sem acesso a água tratada e 49 milhões estejam em lares sem redes de esgoto. Esses números são ainda mais alarmantes na Amazônia, onde a falta de saneamento básico se torna uma forma de violência contra as comunidades locais e a biodiversidade.

Os dados do Censo também mostram um abismo social. Cerca de 83,5% da população brasileira que se declara branca mora em locais com estrutura adequada de saneamento. Entre os que se declaram preto, o percentual é de 75%. Entre os pardos, 68,9%. Já entre os indígenas, o percentual é de apenas 29%.

A situação no Amazonas é preocupante: apenas 66% dos domicílios têm acesso à rede de abastecimento de água, posicionando o estado na 23ª colocação nacional. Em Manaus, a realidade não é diferente, com apenas 76,2% dos lares conectados à rede geral. Esse cenário levanta questões sobre a eficácia da privatização do saneamento, iniciada em 2000 com a concessão à Águas de Manaus.   

Essa disparidade evidencia a necessidade urgente de transformar o sistema de saneamento, que atualmente favorece empresas em detrimento da população, reforçando desigualdades históricas.