SBG alerta para inundações em Manaus e municípios do interior do Amazonas

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Manaus/AM - O Serviço Geológico do Brasil (SGB) alertou sobre inundações que podem atingir Manaus e municípios do interior. Os dados fazem parte do 1º Alerta de Cheias do Amazonas, realizado nesta sexta-feira (28).
As previsões, com antecedência de 75 dias para o pico da cheia, contemplam Manaus e os municípios do interior Manacapuru, Itacoatiara e Parintins, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas.

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O gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da instituição, Andre Luis Martinelli traçou um panorama sobre os desafios hidrológicos na Amazônia. “Vivemos um período de eventos extremos, após enfrentarmos duas das maiores cheias (em 2021 e 2022), nossa região logo em seguida se deparou com as duas piores secas registradas (em 2023 e no ano passado). Para este ano, espera-se uma cheia ordinária, entretanto há uma boa possibilidade (30%) de termos a cota de inundação superada e portanto mais uma grande cheia”, explicou.
Segundo os pesquisadores do SGB, para Manaus(AM), a previsão é que o Rio Negro atinja, aproximadamente, 28,68 m, com um intervalo variando entre 27,93 e 29,43 m (considerando 80% de intervalo de confiança). Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação na capital (27,50 m) é de 98%. Para a cota de inundação severa (29 m) essa probabilidade é de 30%, e para a cota máxima (30,02 m em 2021) é de apenas 1%.
Já em Manacapuru (AM), a previsão é que o Rio Solimões atinja, aproximadamente, 19,47 m, com um intervalo provável de 18,66 a 20,29 m (considerando 80% de intervalo de confiança). Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação em Manacapuru (18,20 m) também é de 98%, mas para a cota de inundação severa (19,60 m) essa probabilidade é de 42%, já a cota máxima registrada em 2021 (20,86m) a probabilidade é abaixo de 1%.
Em Itacoatiara, tudo indica que o Rio Amazonas atinja um valor aproximado de 14,33 m, com um intervalo provável variando entre 13,67 e 14,98 m (considerando 80% de intervalo de confiança). Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação (de 14 m) é de 76%, já a probabilidade de atingir cota de inundação severa (14,20 m) é de 61%. Para superar a cota máxima (15,20 m em 2021), a probabilidade é de 3%.
Em Parintins, a previsão é que o rio Amazonas atinja um valor em torno de 8,48 m, com um intervalo provável variando entre 7,97 e 8,99 m (considerando 80% de intervalo de confiança, verificar Figura 4). Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação em Parintins (8,43 m) é de 56,0% e de superar a cota de inundação severa (9,30 m), apenas 2,0%. Para superar a cota máxima (9,47 m em 2021) a probabilidade é muito baixa, menor que 0.5%.
Prognósticos e outras análises - Renato Senna, pesquisador e meteorologista do INPA, chamou atenção para o nível das chuvas no final do ano passado. "A estação chuvosa começou com déficit entre novembro e dezembro de 2024. No entanto, o resfriamento do Pacífico e as mudanças na temperatura do Atlântico Equatorial favoreceram a precipitação no primeiro trimestre de 2025. Logo, permitiu a recuperação dos níveis do rio Negro, que passou de muito baixos para normais”, expôs.
Esmiuçando as previsões, o pesquisador e meteorologista do LABCLIM-UEA, Leonardo Vergasta, apresentou o prognóstico das chuvas na Bacia Amazônica."Em abril, as chuvas devem permanecer acima da média no oeste e sudoeste da Bacia Amazônica, abrangendo os rios Ucayali, Javari, Juruá e Alto Purus. Também prevemos precipitação acima da normalidade no centro-norte da bacia, especialmente ao norte da margem esquerda do rio Solimões", contou.
Ele acrescentou que, nas demais regiões, as chuvas devem se manter dentro do esperado, mas alertou para possíveis inundações. "Emitiremos um alerta de inundação para a bacia do Rio Madeira e os trechos Alto, Médio e Baixo Solimões, com enchentes previstas entre o fim de março e o início de abril. No entanto, os níveis não devem superar recordes históricos, como a cheia de 2021", finalizou.
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