A seca e o baixo volume dos rios no Amazonas têm piorado a qualidade da água que abastece a população do estado, impactando diretamente a saúde, especialmente das crianças, conforme alerta do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Dados da Rede Sentinela de Monitoramento por Doenças Diarreicas (MDD) do Amazonas de 2023 mostram que até outubro daquele ano, mais de 208 mil casos foram registrados nas unidades de saúde.

"Uma das principais consequências da falta ou da precariedade dos serviços de saneamento básico é o impacto direto na saúde e no bem-estar social de crianças e adolescentes, um grupo extremamente vulnerável a várias doenças associadas ao saneamento inadequado. Essa situação pode prejudicar o desenvolvimento físico e intelectual, especialmente durante a primeira infância, que vai até os 6 anos", explica Rodrigo Resende, oficial de Água, Saneamento e Higiene do UNICEF Brasil.

O UNICEF alerta para os riscos de doenças como diarreia aguda, hepatite A e até cólera, transmitidas pela água contaminada. A primeira recomendação para evitar a contaminação é filtrar a água. Depois, é indicado adicionar hipoclorito. A diarreia aguda pode resultar em desidratação grave se não for tratada, por isso, ao surgirem sintomas, é crucial que os pais ou responsáveis procurem a unidade de saúde mais próxima.

O Ministério da Saúde define um padrão de potabilidade da água, considerando diversos parâmetros físicos, químicos e biológicos para garantir que ela não ofereça riscos à saúde pública. Rodrigo Resende destaca a importância de observar características como gosto, cor e odor da água. Caso haja alguma alteração, a população deve contatar o responsável pelo abastecimento de água ou a secretaria de saúde do município.

O hipoclorito de sódio pode ser usado para tornar a água potável, aplicando duas gotas do produto por litro de água e deixando agir por cinco minutos. Na ausência do hipoclorito, ferver a água por cinco minutos e, se possível, utilizar um filtro são as melhores alternativas para evitar contaminações. Em caso de dúvida sobre a qualidade da água, é recomendável buscar uma fonte segura para o consumo.

A Secretaria de Saúde tem distribuído hipoclorito de sódio para as comunidades mais vulneráveis. Em 2023, foram entregues mais de 4,7 milhões de frascos de hipoclorito de sódio a 2,5%, utilizado no tratamento da água.