Yanomamis denunciam abandono e agravamento de casos de saúde em crianças
Manaus/AM - Um quadro de agravamento do caos sanitário na Terra Indígena Yanomami, entre os estados de Roraima e Amazonas, casos extremos de verminoses em crianças, que chegam a expelir os parasitas pela boca, foi denunciado em carta encaminhada pela Associação Yanomami Hutukara ao coordenador do Distrito Sanitário Yanomami e Ye’kwana (Dsei-YY) e ao presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’wana (Condisi-YY).
Na carta, a associação alerta também para o aumento do número de mortes de crianças por malária e suspeita de Covid-19. As denúncias estão na página da entidade na rede social Facebook.
De acordo com a Hutukara, relatos recentes de indígenas descrevem “situações dramáticas e parecidas” em diferentes regiões do território, com a explosão de casos de malária, que vêm aumentando exponencialmente nos últimos três anos.
No caso das verminoses, “a obstrução intestinal por bolo de áscaris em nossas crianças, [chegando] ao ponto de expelir vermes pela boca, não pode estar acontecendo. É inadmissível e mostra que há muito tempo não está sendo feito o tratamento com regularidade. As crianças têm suas barrigas inchadas por causa dos vermes, é como se fosse uma barriga cheia de mingau de banana, mas são vermes. Nós estamos sofrendo muito, não estamos vivendo bem”, denunciam as lideranças yanomamis.
Imagens com os vermes expelidos pela boca estão expostas na página da entidade no facebook.
“Nesses últimos 9 meses, nos postos de saúde que estão em nossa terra, não vimos Albendazol, um medicamento barato e básico para tratamento de verminoses”, diz a Hutukara. Menos de 10 % das comunidades têm acesso à água potável por poços artesianos e outros sistemas de acesso à água, alertou a organização.
O cenário de caos sanitário na Terra Yanomami é agravado, segundo a associação, pela invasão de dezenas de milhares de garimpeiros para a prática ilegal do garimpo, impactando a saúde e a alimentação da comunidade.
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