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Carne não será 'vilã' em 2020, mas preço não vai cair, dizem analistas

Por Portal Do Holanda

10/01/2020 9h22 — em
Brasil



A carne foi o destaque de alta da inflação brasileira em 2019, especialmente nos últimos meses do ano, em meio ao aumento das exportações para a China e à desvalorização do real. O preço subiu 32,4% no ano, representando o maior impacto individual na inflação anual.

Segundo um site de notícias do Globo, para 2020, a proteína animal não deve pesar tanto no bolso do consumidor, mas também não terá os valores praticados há um ano, de acordo com especialistas.

Isso porque:

- Os preços ficaram estagnados desde o início da crise econômica, em 2015, e os valores precisavam passar por reajuste;
- Para o Ministério da Agricultura, a euforia da demanda chinesa também passou, e agora os preços devem encontrar um ponto de equilíbrio;
- Acabou a "entressafra do boi" e a oferta de animais prontos para o abate aumentou, o que tende a diminuir os valores negociados no mercado;
- Quando a carne bovina cai, outras proteínas, como frango e porco tendem a desvalorizar;
- Porém, a abertura de novos mercados não pode ser descartada, o que traria um fato novo para a atual dinâmica de preços.

O analista de mercado Leandro Bovo explica que o mercado da carne bovina, a principal consumida no país, passou 4 anos sem alta de preços ao mesmo tempo que os custos de produção não paravam de subir.

"Alguma correção de preços era esperada. Em termos de inflação, o impacto maior já aconteceu, e, a partir de agora, não será mais tão relevante", afirma Bovo.

"Porém, o desconforto com o aumento dos preços, mesmo que menor, ainda estará presente", completa o sócio-diretor da Radar Investimentos.

No campo, o valor de uma arroba de boi (15 kg) caiu cerca de 15% desde a explosão de preços, no final de novembro. Na cidade, a média de preços no varejo, calculada pela Scot Consultoria, baixou menos, 0,7%.

"Eu não acredito que as carnes serão as vilãs da inflação em 2020. O que tinha que vir, já foi", diz o consultor Alcides Torres.

"Agora, acreditamos que haverá uma melhora da economia e a variação de preços será absorvida durante o ano. Diferente de 2019, quando todo o impacto veio em 45 dias", completa o analista da Scot.

Isso porque acabou em dezembro a "entressafra da carne bovina" e a oferta de animais deverá estar a todo o vapor até julho. Agora, o mercado busca equilíbrio.

Para Bovo, os contratos futuros da carne sinalizam para um meio-termo entre os valores praticados antes e depois de novembro.

"O mercado já achou um teto, que é o primeiro passo para encontrar o equilíbrio. Uma boa referência são os preços negociados no mercado futuro, que estão 19% acima do que vinha sendo negociado antes do movimento de alta”, explicou especialista.

"Então, o equilíbrio (de preço) da carne bovina seria uma alta ao redor de 20% do que o consumidor estava habituado a pagar (antes da crise), e não os 45% de alta que chegamos a ter em novembro", completa Bovo.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que a abertura de novos mercados e as habilitações de novos frigoríficos para vender para a China criaram uma euforia no setor, mas que ela já passou.

"No início houve uma euforia, mas o mercado chinês já se acomodou e o mercado brasileiro vem se acomodando", disse Tereza, durante evento em Patos de Minas na última quinta-feira (9).

“É muito difícil ela (carne) voltar aos patamares antigos para o produtor. O consumidor vai ter esse pequeno aumento”, acrescentou a ministra.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Analistas, preço da carne, vilã 2020, Brasil

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