Argentina desiste de tentar resgatar com vida tripulantes de submarino
BUENOS AIRES - Fim da esperança. A Marinha argentina disse nesta quinta-feira que abandonou a tentativa de resgate dos 44 tripulantes do submarino desaparecido há 15 dias, embora vá manter a busca pela embarcação que teria sofrido uma explosão no Atlântico Sul. Apesar de o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, não ter dito expressamente, o anúncio significa que as autoridades consideram como mortos os marinheiros do submarino ARA San Juan.
— Foi ampliado para mais que o dobro o número de dias que determinam as possibilidades de resgate da tripulação. Apesar da magnitude dos esforços realizados, não foi possível localizar o submarino — disse Balbi em entrevista coletiva.
A partir de agora, as buscas — que já diminuíram nos últimos dias em relação ao mutirão internacional montado nos dias que sucederam o sumiço do ARA San Juan — focarão somente em encontrar o veículo, sem prever esforços de resgate improvisado junto a equipes médicas.
Nesta quinta-feira, o diário "Clarín" informou que o navio norueguês Sophie Siem, que carrega um minissubmarino americano que deveria servir para um eventual resgate dos tripulantes, está regressando ao porto de Comodoro Rivadavia, de onde partira para integrar as missões de busca. Oficialmente, autoridades tratam a volta como por necessidade de corrigir uma falha mecânica.
RELEMBRE
O submarino argentino desapareceu no último dia 15. Com 44 tripulantes a bordo, o ARA San Juan perdeu a comunicação com a base na zona do Golfo de San Jorge quando se dirigia da Base Naval de Ushuaia, no extremo Sul da Argentina, para Mar del Plata. A principal hipótese é uma falha elétrica, provável responsável pela falta de comunicação com terra. Desde seu sumiço, ao menos 12 países apoiaram as autoridades argentinas com navios, aviões e equipamentos para tentar resgatar o mais rápido possível o submarino, sem sucesso.
O submarino realizava uma operação de renovação de oxigênio e carregamento de baterias quando a água entrou pelo sistema de ventilação, atingindo um sistema de baterias e criando um curto-circuito que, segundo tripulantes da embarcação, produziu uma nuvem de fumaça, mas não chamas.
O incidente foi rapidamente resolvido e reportado, e o San Juan seguiu submerso rumo à base, cerca de 400 quilômetros ao sul da capital, Buenos Aires. Horas mais tarde, uma explosão foi detectada pela Organização pela Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês). O capitão do submarino, Pedro Fernández, notificou seus superiores de que a falha fora corrigida e que as baterias afetadas haviam sido isoladas, e a embarcação continuou navegando com circuito de bateria de popa.
— Essa não é a primeira vez que algo assim acontece, e eu mesmo já tive que navegar com um circuito dividido — contou Balbi. — O que se deve fazer é seguir em baixa velocidade, mas é possível navegar até Mar del Plata com um circuito dividido.
A última mensagem do submarino desaparecido, na qual Fernández comunica o curto-circuito, foi revelada pelo canal A24, de Buenos Aires.
“Entrada de água do mar pelo sistema de ventilação ao tanque de baterias nº 3 ocasionou curto-circuito e princípio de incêndio na área das barras de baterias. Baterias de proa fora de serviço. No momento em imersão, propulsando com circuito dividido. Sem novidades de pessoal. Manterei informado”, diz a mensagem reproduzida na TV.
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