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'Debí Tirar Más Fotos' mistura raízes de Bad Bunny a seu reggaeton

Por Folha de São Paulo

06/01/2025 9h45 — em
Arte e Cultura



FOLHAPRESS - Aos 30 anos de idade e pouco mais de uma década de carreira, o porto-riquenho Benito Antonio Martinez Ocasio chegou à condição de cantor mais ouvido na América Latina em 2024. No mundo, Bad Bunny só fica atrás de uma tal de Taylor Swift. E agora ele segue rumo à dominação global com "Debí Tirar Más Fotos", lançado nas plataformas neste domingo (5).

Seu sexto disco solo atesta uma produção intensa. É o terceiro álbum completo que ele lança num intervalo de 30 meses. Depois do sucesso de "Nadie Sabe Lo que Va a Pasar Mañana", que teve três hits globais —"Monaco", "Perro Negro" e "Where She Goes"—, ele solta um pacote de 17 faixas com potencial inegável de viralização.

A coisa já começou a se espalhar bastante com as duas canções lançadas previamente nas últimas semanas, "El Clúb" e "Pitorro de Coco". A primeira é uma espécie de viagem nostálgica que permite reconhecer aqui e ali ecos de house, mas com pegada pop e uma letra sobre um relacionamento destruído.

Já "Pitorro de Coco" deixa escancarada a ideia de louvação a suas origens porto-riquenhas no novo disco, intenção que ele revelou em entrevistas. É uma canção de Natal típica de seu país, e o clipe é despojado, filmado com câmera estática num boteco, no qual Bad Bunny canta sentado em uma cadeira de plástico enquanto mastiga um salgado e brinca com prostitutas.

É esse o espírito nostálgico de "Debí Tirar Más Fotos". Após fazer sucesso local na estreia, com "X 100pre", álbum de 2018 que vendeu apenas 5.000 cópias nos Estados Unidos, ele largou Porto Rico e correu o mundo até chegar a "Un Verano Sin Ti", que vendeu 3,5 milhões de discos no mercado americano em 2022.

Agora, Bad Bunny voltou para casa. Antes mesmo de todo o disco ganhar presença digital, isso já estava evidente na divulgação dos colaboradores do projeto. Produtores e artistas convidados são todos porto-riquenhos.

Nunca ele radicalizou tanto um trabalho, praticamente blindado para influências e colaborações de fora do arquipélago caribenho, chegando ao convite para Los Pleneros de la Cresta, na faixa "Café com Ron". Trata-se de um grupo que resgata a música porto-riquenha de décadas passadas. A canção poderia ter sido gravada há 50 anos, e é ótima.

O mais interessante do disco é fazer essa retomada de raízes sem abandonar completamente as batidas que já foram organicamente associadas ao reggaeton poderoso de Bad Bunny. Salsa, hip hop, dancehall e eletrônico surgem salpicados pelo álbum, mas sempre a serviço de melodias que pagam tributo à história musical do país. A citada "Pitorro de Coco" é uma canção de aguinaldo, gênero de música natalina muito tradicional.

O disco abre com dois pandemônios dançantes, "Nuevayol" e "Voy a Llevarte pa PR". Parece que ele quis mostrar o forte reggaeton logo de cara, para comprovar sua assinatura musical. A seguir vem a primeira grande surpresa do álbum.

Em "Baile Inolvidable", Bad Bunny escreve talvez a letra mais triste e melancólica de sua carreira. O narrador sofre um bocado por amor, está mesmo no fundo do poço, mas ele consegue emoldurar tudo com metais e percussão pesada, transformando a fossa em uma festa para a dança.

Então ele emenda três músicas colaborativas. "Perfumito Nuevo" é uma canção safada dividida com RaiNao, uma das vozes porto-riquenhas mais interessantes, cantora que mistura elementos de jazz num pop urbano.

Em seguida, "Weltita", baladinha com trechos acelerados e apoio da banda Chuwi, uma das favoritas do público mais jovem de Porto Rico. Bad Bunny encerra esse bloco de convidados com "Veldá", batidão forte com Omar Courtz e Dei V, velhos amigos do hip hop local.

As faixas restantes, sem convidados, formam praticamente um menu degustação de ritmos festivos da ilha. "Turista", por exemplo, é uma balada simpática, romântica até ser ingênua. Já "Lo Que Le Pasó a Hawaii" consegue ser sensual mesmo com o cantor alternando sua voz com o som de um trombone e até um galo cantando. É ouvir para crer.

Chegando às últimas faixas, "EOO" e "DRMF" falam sobre fazer música, trazem misturas de salsa e hip hop inovadoras, com percussão inventiva e corais de apoio bem colocados. A música que encerra o disco, "La Mudanza", é um mergulho no som dos mariachi, numa canção engraçada que fecha com animação um disco predominantemente solar, mesmo quando Bad Bunny rascunha versos mais depressivos.

No balanço final dessa releitura da música porto-riquenha, o resultado é um álbum pronto para estourar em todo o planeta.

DEBÍ TIRAR MÁS FOTOS

Avaliação Muito Bom

Onde nos serviços de streaming

Autoria Bad Bunny


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