'Fidelio', única ópera de Beethoven, será destaque no Theatro São Pedro em 2025
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A única ópera de Beethoven, a última de Verdi, uma sátira de Offenbach e a estreia de uma nova encomenda ao compositor paulistano Flo Menezes: estes são os destaques da temporada lírica do Theatro São Pedro programada para 2025.
Anunciada nesta semana com detalhes completos de elenco, direção musical e cênica, a temporada principal é complementada por mais dois títulos líricos a cargo da Academia de Ópera juntamente com a Orquestra Jovem do São Pedro, e por espetáculo preparado pelo Atelier de Composição Lírica do teatro, programa que tem como objetivo a criação de novas óperas.
Na temporada principal, dois títulos são comédias. Em dezembro, "Orfeu no inferno", de Jacques Offenbach, terá André dos Santos como diretor musical e Cibele Forjaz na direção cênica. Nos papéis principais Daniel Umbelino (como Orfeu), Raquel Paulin (Eurídice), Rodrigo Olmedo (Plutão) e Vinicius Atique (Júpiter).
Já na derradeira obra de Verdi, "Falstaff", a ser encenada em agosto, Ira Levin cuidará da música e Caetano Vilela da encenação. O elenco é especialmente forte, com Rodrigo Esteves no papel título e Gabriella Pace interpretando Alice Ford.
"Oposicantos", encomenda do São Pedro ao compositor Flo Menezes -um dos mais importantes e ativos de sua geração- será a sua segunda ópera (a primeira, "Ritos de perpassagem", estreou em 2019 no mesmo teatro). A estreia será em julho, tendo direção musical de Eduardo Leandro e cênica de Alexandre Dal Farra.
Segundo o compositor, trata-se de "uma ode à dialética: alfa e ômega se veem contrapostos ao mesmo que conjugados, permanentemente." É definida como uma "ação musical multimídia" para vozes solistas, coro, dois pianos, vasta percussão, orquestra e eletrônica, com textos poéticos provenientes de oito diferentes línguas.
Enfim, a escolha da ópera que abrirá a temporada é um grande acerto, já que não é vista entre nós há bastante tempo: "Fidelio", única composição de Beethoven no gênero, foi a principal lacuna nas comemorações dos 250 anos de nascimento do artista, celebrados na virada da última década -o Theatro Municipal apresentou-a apenas em formato de concerto, sem encenação.
Programada para abril, terá Claudio Cruz e William Pereira respectivamente como diretores musical e cênico. Conta a história de Leonore, mulher que assume o papel masculino de Fidelio para empregar-se na prisão onde seu amado, o prisioneiro político Florestan, é mantido sob tortura nas masmorras. A soprano Eiko Senda será Leonore-Fidelio, Eric Herrero interpretará Florestan e Licio Bruno encarnará o terrível Don Pizarro.
Mais dois títulos líricos, a cargo da Orquestra Jovem da casa, ampliam esse repertório romântico-contemporâneo para o classicismo, com "O Barbeiro de Sevilha" -não o famoso de Rossini, mas o do prolífico Giovanni Paisiello (em maio)-, e para adicionar mais um título contemporâneo brasileiro com "Candinho", de João Guilherme Ripper, obra voltada ao público infanto-juvenil.
Para além da ópera, os destaques são a música de câmara e, em setembro, um espetáculo dirigido por Ligia Amadio com obras de Arvo Pärt e Fauré (o célebre "Requiem", com participação do Coral Paulistano).
A série de câmara, preocupação perene do Theatro São Pedro, merece ser acompanhada com mais atenção. Muito bem equilibrada entre artistas experientes e jovens expoentes, repertório tradicional, música antiga, música contemporânea, e ainda abrindo-se pontualmente para canção popular e o jazz, ela se desdobra ao longo do ano.
Momentos aguardados serão o recital da soprano Marília Vargas com a pianista Michiko Licciardi interpretando apenas autoras mulheres (em 17 de maio), proposta presente também no programa "Ella's", com a presença da mezzo-soprano Juliana Taino e do pianista Ogair Júnior (em 12 de julho). Mônica Salmaso e Nelson Ayres abrirão a série em 23 de fevereiro. Música de cinema e balé também serão contemplados pela programação.
Evitando ser pretensiosa, a linha curatorial do Theatro São Pedro mostra ser possível oferecer à comunidade uma temporada enxuta, equilibrada e variada.
DESTAQUES
1) Abril: "Fidelio", de Beethoven (direção cênica de William Pereira);
2) Julho: "Oposicantos", de Flo Menezes (direção cênica de Alexandre Dal Farra);
3) Agosto: "Falstaff", de Verdi (direção cênica de Caetano Vilela);
4) Dezembro: "Orfeu no inferno", de Jacques Offenbach (direção cênica de Cibele Forjaz).
ASSUNTOS: Arte e Cultura