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Maurício Takara e Carla Boregas mostram seu som atmosférico em dois shows

Por Folha de São Paulo

15/01/2025 8h45 — em
Arte e Cultura



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Durante a pandemia, Maurício Takara e Carla Boregas entregaram o apartamento em que moravam em São Paulo e se realocaram numa praia no litoral do estado. Ali, no meio da Mata Atlântica, cercados pelo mar e por cachoeiras, aprofundaram a relação que vinham estabelecendo com a água desde seu primeiro disco, "Linha D'Água".

Lançado em março de 2020, no começo do lockdown da Covid, o álbum de música instrumental composto com os sintetizadores de Boregas e a bateria de Takara era o cartão de visitas da dupla, formada por dois músicos conhecidos da cena independente de São Paulo —ele, por tocar com o Hurtmold, e ela, por ser uma das integrantes da banda Rakta.

Nos anos seguintes, a parceria e a vida na praia resultaram em "Grande Massa D'Água", disco lançado no final de 2022 que aprofundava a pesquisa sonora dos músicos. "Tem o lado de um encantamento pelas experiência na água, que para mim tem muito a ver com o som. As sensações de experienciar a água e o som são parecidas", diz Boregas.

Passada a pandemia, a dupla se mudou para Berlim para, de acordo com Takara, viver um tempo e ver o que acontecia, sem planos de necessariamente ficar. A aposta vingou —de lá para cá, eles se estabeleceram na cidade e passaram a figurar na escalação de importantes festivais de música de vanguarda na Europa, a exemplo do Rewire, em Haia, na Holanda, onde tocaram em 2023.

Com uma identidade sonora desenvolvida, a carreira no exterior mais ou menos consolidada e às vésperas de gravar um novo disco, a dupla se apresenta em São Paulo duas vezes neste mês —a primeira nesta quinta-feira (16), no Porta, em um show conjunto, e a segunda no dia 27, no Centro da Terra, onde tocam separados, mostrando as suas composições solo, de estética igualmente radical.

Definir o tipo de música produzida pela dupla pode ser uma armadilha, dado que não há uma palavra para abarcar sua sonoridade, em geral atmosférica, influenciada pelo jazz e por elementos eletrônicos não-dançantes. A improvisação, a escuta ativa e o diálogo espontâneo entre eles são elementos centrais na prática do duo, afirma Takara.

Boregas faz analogias. "O som para mim é como uma escrita. Também vejo o som como uma pintura —aqui tem mais amarelo, então aqui precisa talvez de um azul. Isso para mim é do espectro de frequência. Aqui eu preciso um pouco mais de som agudo, aqui um pouco mais de grave", ela diz, acrescentando que seleciona os elementos musicais de acordo com a sensação que quer causar no público.

A mistura de referências musicais e o passado de ambos como músicos ligados ao rock alternativo atrai para a banda diferentes tipos de público. Nos shows, há tanto quem os acompanha há anos quanto os interessados nas paisagens sonoras que produzem desde que começaram a trabalhar em parceria.

Ao vivo, as apresentações têm uma estrutura não muito rígida, com o grupo tendo em mente cerca de 40% do que vai executar e deixando o restante para criar na hora, de acordo com Boregas. Segundo Takara, o samba e o jazz usam um molde parecido. "A composição é uma sugestão, um pontapé para a improvisação. O caminho que isso vai tomar cada dia é um, depende do momento."

M. TAKARA & CARLA BOREGAS COM SHOW DE ABERTURA DE MNTH

- Quando 16 de janeiro, quinta, às 21h

- Onde Porta - r. Horácio Lane, 95, São Paulo

- Preço R$ 25 antecipado; R$ 35 na hora

- Link: https://shotgun.live/pt-br/events/m-takara-carla-boregas

M. TAKARA E CARLA BOREGAS EM SHOWS SOLO

- Quando 27 de janeiro, segunda, às 20h

- Onde Centro da Terra - r. Piracuama, 19, São Paulo

- Preço A partir de R$ 36

- Link: https://www.sympla.com.br/produtor/centrodaterra


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