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Santo Domingo é uma joia cultural no país das praias e dos resorts

Por Folha de São Paulo

02/01/2025 9h00 — em
Arte e Cultura



SANTO DOMINGO, REPÚBLICA DOMINICANA (FOLHAPRESS) - Turistas do mundo inteiro vão à República Dominicana aproveitar suas águas cristalinas, mas a localização da capital do país, bem onde o rio Ozama encontra o Caribe, deixa o mar menos turquesa-cartão-postal.

Santo Domingo se destaca por sua riqueza cultural. Primeira cidade fundada por europeus nas Américas e maior metrópole do Caribe, com mais de 4 milhões de habitantes, ela fica a três horas de carro de Punta Cana, principal destino turístico do país -e onde pousam os voos diretos que saem de São Paulo.

A cidade fica a três horas de carro de Punta Cana, principal destino turístico do país. Desde o 1º de novembro, a companhia aérea Arajet, única que operava voos diretos entre São Paulo e Santo Domingo, mudou a rota para São Paulo-Punta Cana.

Mesmo sem uma ligação direta com o Brasil, a capital dominicana é interessante para quem deseja ter mais contato com a história e a cultura do país.

Um bom ponto de partida é Zona Colonial, fundada em 1502. Toda Santo Domingo estava concentrada no interior dos seus muros até meados do século 20, quando o êxodo rural expandiu a capital.

Com mais de 500 anos, a área segue em constante mutação, combinando o charme de edifícios históricos com a vibração dos bares, das casas noturnas e dos restaurantes badalados.

O parque Colón é o ponto focal da Zona Colonial, onde há uma estátua do descobridor Cristóvão Colombo. De lá, parte a calle El Conde, principal rua de pedestres, que já foi o centro das lojas elegantes da cidade, hoje dominada por lojas de souvenirs e fast food. O tradicional café La Cafetera é um vestígio desse passado, tendo sido frequentado por importantes artistas, intelectuais e políticos ao longo do século 20.

Na face sul do parque Colón está a catedral de Santo Domingo, a primeira das Américas, cuja entrada custa 100 pesos dominicanos (cerca de R$ 9). O valor inclui um audioguia, disponível em nove idiomas (incluindo português de Portugal), essencial para explorar as capelas laterais.

A catedral, assim como toda a Zona Colonial, foi erguida com um tipo de pedra calcária chamada coralina, nome fácil de entender ao observar o formato de arrecife de corais marinhos dos blocos.

Dali, é fácil chegar à fortaleza Ozama, forte que protegia a cidade entre os séculos 16 e 19. A visita também custa 100 pesos e, além de permitir conhecer o complexo e ter uma bela vista do rio, inclui a exibição de vários vídeos sobre a história do país. O destaque fica por conta da sala quase escondida com vídeos que dão um panorama da história do país.

Seguindo pela rua Las Damas, e passando pelo Panteão da Pátria, onde repousam os restos mortais de heróis dominicanos de várias áreas de atuação, chega-se à plaza de España, com vários bares e restaurantes e onde fica o palácio em que viveu Diego Colombo, filho do navegador. Ali também fica o Manos Dominicanas, iniciativa governamental que reúne peças de artesanato local para levar como lembrança do país.

O Museu de Atarazanas Reais (400 pesos, equivalente a R$ 37) fica bem perto e é parada obrigatória. Ele reúne objetos encontrados em naufrágios com o apoio de uma disposição expositiva moderna e histórias bem contadas. É bonito ver bússolas, louças, joias e astrolábios cobertos de corais.

Caminhando mais para o norte, se chega rapidamente a Santa Bárbara, bairro mais popular da Zona Colonial. Pouco frequentada por turistas, a região tem vida artística intensa, que fica explícita nos grafites. É por ali que fica a Igreja de Santa Bárbara, com uma bela escadaria em coralina que permite ver o bairro de cima, e as ruínas do monastério de São Francisco, onde todo domingo tem merengue e salsa ao ar livre.

Se afastando ainda mais, chega-se ao Bairro Chinês, com restaurantes sino-dominicanos a bons preços e uma feira de comida aos domingos que lembra a do bairro da Liberdade, em São Paulo.

A sugestão para voltar à parte "hypada" da Zona Colonial é seguir pela rua Hostos. A sua esquina com a rua Las Mercedes já foi cenário de alguns filmes, sendo o mais famoso deles "O Poderoso Chefão 2", emulando as ruas de Cuba.

Seguindo pela rua Las Mercedes, a Librería Mamey vale uma parada estratégica. Além de ser o melhor lugar para comprar um romance local, o espaço funciona como centro cultural e café.

Na parte mais a oeste da Zona Colonial estão o Parque Independencia, onde fica o ponto zero da República Dominicana, e a Puerta de la Misericordia, outro bom ponto para aproveitar os embalos do merengue na rua. O portal, aliás, está muito próximo do Malecón, o calçadão à beira-mar.

Caminhar pela Zona Colonial à noite é seguro, uma vez que o policiamento é constante. Um trajeto noturno da Puerta de la Misericordia até a Plaza Colón passa por ruas com casas simples e charmosas, com moradores recebendo amigos e familiares.

Fora do centro histórico, a capital dominicana também tem atrações interessantes. A principal delas é o Parque Nacional Los Tres Ojos. Reunindo quatro lagos naturais, o complexo lembra as formações de Bonito (MS), com estalactites impressionantes e águas azul-turquesa. O local foi usado como cenário de vários filmes, e vale a pena conferir antes de visitar se ele não está fechado para alguma produção.

O ingresso para entrar custa 200 pesos (R$ 18, apenas no cartão de crédito) e dá acesso a três dos lagos (Azufre, La Nevera e Las Damas). Apesar dos guias na entrada, o parque é bem sinalizado e pode ser facilmente visitado sem apoio. Vale a pena pagar outros 50 pesos (R$ 4,60) para fazer a travessia entre La Nevera e o último lago, Los Zaramagulones, que tem uma frondosa vegetação ao redor e é o único que não fica dentro de uma caverna.

Não muito distante da Zona Colonial, a Plaza de la Cultura reúne os museus do Homem Dominicano, de História Natural e de Arte Moderna (cada um com o custo de ingresso de 100 pesos, R$ 9). Se os dois primeiros pecam pela disposição antiga, com muito texto para poucos objetos expostos, o último tem uma boa seleção de exposições temporárias de arte caribenha. O complexo ainda conta com a Biblioteca Nacional e o Teatro Eduardo Brito, principal casa de espetáculos do país.

A região da avenida Winston Churchill reúne importantes shopping centers, como o Blue Mall. Apesar do menor custo dos eletrônicos em relação ao Brasil, o turista brasileiro pode se frustrar com a ausência de etiquetas mostrando os preços das mercadorias, algo não obrigatório no país e que dificulta as compras.

O metrô da região metropolitana foi inaugurado em 2009 e tem 34 estações. O bilhete, que custa 20 pesos (R$ 1,80), permite conexão gratuita com o teleférico de Santo Domingo, bastante utilizado pelos locais --mas por estar bem distante da Zona Colonial, é pouco utilizado por turistas. Ainda assim, durante o dia e fora dos horários de pico, é um passeio agradável que permite ver de cima o rio Ozama e as favelas do norte da cidade.

Se mesmo com todas as opções da cidade cosmopolita o visitante sentir falta de pegar uma bela praia caribenha, Boca Chica fica a apenas 45 minutos de ônibus e é uma possibilidade de passeio de um dia ou um pouco mais.


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