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Serial killers são como dinossauros, eles fascinam o público, afirma Shyamalan

Por Folha de São Paulo

01/08/2024 5h45 — em
Arte e Cultura



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - M. Night Shyamalan, célebre pelas reviravoltas que marcaram "O Sexto Sentido" e "Sinais" no imaginário popular, está pronto para manipular os espectadores novamente em "Armadilha", que chega aos cinemas na próxima quinta-feira (8). Herdeiro de Alfred Hitchcock e Steven Spielberg, o cineasta encara sua produção, às vezes tétrica, com um viés lúdico.

"Há duas coisas reais que interessam o público: dinossauros e serial killers", diz Shyamalan à reportagem. "Ambos são monstros que existem e nos espantam."

O tiranossauro da vez é Josh Hartnett, encarnando em seu corpanzil de 1,90 metro Cooper, um bombeiro e pai amoroso que acompanha a filha, Riley, em um megashow que lembra os de Taylor Swift, mas feito pela artista fictícia Raven —vivida por Saleka, filha de Shyamalan e cantora na vida real.

Logo sabemos (e esse não é o "plot twist"), o protagonista é também um serial killer, o Açougueiro, que esquarteja as vítimas que rapta pela Filadélfia, e aquele show é uma operação policial disfarçada para capturá-lo. Daí, seu instinto paterno começa a se confundir com a selvageria do assassino que estuda minuciosamente, junto da câmera de Shyamalan, a arena do evento para encontrar a saída.

Depois de uma sequência de filmes que desafiam a fé do espectador com elementos fantásticos, caso de "Tempo" e "Batem à Porta", o diretor investe numa narrativa realista, "mas com todo o sabor de uma história sobrenatural", como ele diz.

"As estatísticas são impressionantes —4% das pessoas no mundo são sociopatas. Elas não têm empatia. Isso não quer dizer que vão fazer picadinho das pessoas, mas elas fingem ter sentimentos. O terrível, para o resto dos 96% de nós, é saber que alguém próximo a você pode não sentir nada."

Depois de "Fragmentado" —com James McAvoy no papel de um criminoso com um transtorno que o faz alternar entre 23 identidades—, agora interessa a Shyamalan a convivência dessas sensibilidades diferentes.

"A grande sacada foi levar ao público a perspectiva do antagonista, e nos fazer gostar e torcer por ele", afirma Hartnett, que se entrega ao papel com uma atuação expressionista, cheia de caras e bocas, para traduzir essa constante dúvida sobre as emoções do vilão protagonista.

A nova produção vem também na esteira de um novo reconhecimento do intérprete, marcado por anos como o galã de "As Virgens Suicidas", de 1999. No ano passado, ele viveu o físico Ernest Lawrence no oscarizado "Oppenheimer", protagonizou um episódio da sexta temporada de "Black Mirror" e, no mês passado, fez uma ponta em "The Bear".

É uma nova aposta para quem há quase 20 anos tateava produções de prestígio, como "Dália Negra", de Brian De Palma —como um policial que investigava um assassinato escabroso—, em paralelo com o cinema de ação comercial.

"Brian tem uma sensibilidade única, muito ligada aos anos 1970, que conduz o público por meio de sequências incríveis. Já o Night é um cara que sabe o que audiência de hoje quer, tem mais simpatia pelo público e se preocupa em ser original", diz Harnet, destacando a percepção de construir um thriller, mesmo com clichês inescapáveis, num ambiente tão atual.

Nem o diretor, nem o ator, porém, dizem ter ido antes das filmagens a um show de Taylor Swift para captar esse espírito do tempo.


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