SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Cinemateca Francesa anunciou nesta segunda-feira (16) que cancelou a sessão de "O Último Tango em Paris" que programou para este mês em Paris, na França. A decisão acontece após grupos que defendem os direitos das mulheres protestarem contra a exibição da cena de estupro da atriz Maria Schneider.

A entidade escolheu agir após notar que o grupo vinha recebendo ameaças. "Nós somos um cinema, não uma fortaleza", disse Frédéric Bonnaud, diretor da Cinemateca. "Não podemos correr riscos em relação à segurança de nossa equipe e do público."

O filme de 1972 estava programado para ser exibido no domingo, dia 15. Ele integrava uma mostra retrospectiva da Cinemateca dedicada ao ator Marlon Brando.

Dirigido por Bernardo Bertolucci, "Último Tango em Paris" ficou marcado pela cena em que o personagem de Marlon Brando estupra o de Maria Schneider. Anos depois a atriz afirmou ter se sentido violada porque não teria sido informada pelo diretor sobre a natureza da sequência. Schneider disse também que o filme destruiu sua vida e a induziu ao vício em drogas.

Além da cena, a exibição de "Último Tango em Paris" vinha sendo criticada publicamente pela proximidade da sessão com o fim do julgamento do diretor Christophe Ruggia. O cineasta foi acusado de assediar e abusar sexualmente da atriz Adèle Haenel durante as gravações do filme "Les Diables", de 2002. Na ocasião, Haenel tinha apenas 12 anos de idade.