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Coreia do Norte diz míssil testado pode alcançar qualquer lugar dos EUA

Por Portal Do Holanda

29/11/2017 6h26 — em
Mundo


Foto: Reprodução

SEUL e WASHINGTON — Após ter realizado mais um teste de míssil balístico intercontinental (ICBM), a Coreia do Norte celebrou oficialmente nesta quarta-feira a sua nova demonstração de força contra os Estados Unidos. Segundo o regime de Pyongyang, o artefato testado na última madrugada (terça-feira no Brasil) chama-se Hwansong-15 e pode alcançar qualquer ponto do território americano, o que formalizaria a conquista do objetivo histórico do país asiático de obter a força de um Estado nuclear.

O teste, o primeiro da Coreia do Norte desde meados de setembro, vem como clara retaliação a Washington. Há uma semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou a isolada nação na sua lista de países que apoiam o terrorismo. A decisão permite que os EUA imponham mais sanções, embora alguns especialistas acreditem que a medida pode aumentar ainda mais as tensões na Península Coreana. Trump afirmou que o mais recente lançamento norte-coreano "é uma situação que vamos lidar".

Em uma transmissão da televisão estatal, a Coreia do Norte disse que o seu novo míssil alcançou altitude de cerca de 4.475 quilômetros, um recorde que supera em mais de dez vezes a altura da Estação Espacial Internacional, e voou 950 quilômetros durante 53 minutos. Depois de ver o êxito do lançamento do novo tipo de ICBM Hwansong-15, o líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un, declarou com orgulho que agora finalmente o país atingiu o objetivo histórico de alcançar a força de um Estado nuclear, segundo um comunicado lido por uma apresentadora de televisão.

— Após assistir ao lançamento com sucesso do novo modelo de ICBM Hwasong-15, Kim Jong-un declarou com orgulho que agora finalmente realizamos a grande causa histórica de completar a força nuclear do Estado, a causa de construir uma potência de mísseis — disse a apresentadora da TV estatal norte-coreana, lendo um comunicado do governo.

O míssil, lançado de Sain Ni, viajou por cerca de mil quilômetros antes de cair no Mar do Japão, de acordo com o Pentágono, que acrescentou que o míssil não apresentava uma ameaça aos EUA, seus territórios ou seus aliados. A emissora NHK relatou que o governo japonês estimou que o míssil voou por cerca de 50 minutos e aterrissou no mar na zona econômica exclusiva do Japão.

Por sua vez, o Japão convocou uma reunião de emergência após o lançamento do míssil, afirmou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga, à NHK. Shinzo Abe, premier do Japão, disse que o disparo do míssil foi um ato violento que não pode ser tolerado.

— Nunca cederemos ante a um ato de provocação. Reforçaremos nossa pressão sobre Pyongyang — declarou Abe à imprensa.

ALERTA GLOBAL

Já o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul afirmou que o míssil foi disparado de Pyongsong, uma cidade na província de Pyongan Sul, por volta das 16h17 (no horário de Brasília) sobre o mar entre a Coreia do Sul e Japão. Os militares sul-coreanos disseram que o míssil teve uma altitude de cerca de 4.500 km e voou 960 km. As Forças Armadas da Coreia do Sul anunciaram minutos após o lançamento norte-coreano que conduziram um teste de míssil em retaliação.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, condenou fortemente o lançamento e disse que o seu governo vem se preparando para os testes norte-coreanos. Moon ainda acrescentou que não há escolha para a comunidade internacional a não ser continuar aplicando pressão e sanções contra a Coreia do Norte. O presidente fez as declarações num encontro de segurança nacional após o teste desta terça-feira.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou que as opções diplomáticas seguem sobre a mesa para resolver a crise nuclear com a Coreia do Norte. Tillerson pediu à comunidade internacional que tome novas medidas à margem das sanções já aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU numa declaração lida por seu porta-voz em Washington. Já a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, também reagiu ao disparo, que classificou como uma "violação inaceitável".

Nesta quarta-feira, a China também expressou profunda preocupação com o novo lançamento. Geng Shuang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, declarou que a proposta chinesa de uma dupla moratória continua sendo a melhor opção para aplacar a tensão. Este plano consiste na suspensão dos testes nucleares e balísticos de Pyongyang e das manobras militares entre Estados Unidos e Coreia do Sul.

— Exortamos firmemente a Coreia do Norte a respeitar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e a deter qualquer ação que aumente a tensão na península coreana — disse Geng Shuang. — Ao mesmo tempo, esperamos que todas as partes envolvidas possam atuar com prudência e trabalhar em comum acordo pela paz e a estabilidade da região.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o teste algumas horas antes da reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, marcada para esta quarta-feira em reação à ofensiva norte-coreana.

"Esta é uma clara violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e mostra completo desrespeito pela visão unida da comunidade internacional", disse Guterres em nota.

Sete opções militares e não militares contra a Coreia do Norte

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O líder norte-coreano, Kim Jong-un, fala com funcionários Foto: AP

Endurecimento das sanções

Os EUA, seus aliados europeus e o Japão anunciaram que negociam severas sanções contra a Coreia do Norte. A ONU já sancionou sete vezes o país. De acordo com fontes diplomáticas, as novas medidas poderiam afetar o petróleo, o turismo, o reenvio ao país dos trabalhadores norte-coreanos no exterior e decisões no âmbito diplomático.

LISTA DO TERROR

Há dez dias, os EUA recolocoram Pyongyang na "lista do terror" e impuseram novas sanções para isolar ainda mais o regime, o que a Coreia do Norte considerou como uma "grande provocação". O país havia sido retirada da lista em 2008. Em sua última demonstração de hostilidade contra a Coreia do Norte, o presidente dos EUA, Donald Trump, designou a nação asiática como Estado patrocinador do terrorismo novamente.

"Nosso Exército e nosso povo estão cheios de raiva e ira depois que esses gângsters atrozes se atreveram a colocar o nome do nosso país sagrado nessa miserável lista de terrorismo. Enquanto os Estados Unidos continuarem com essa política hostil contra a Coreia do Norte, seguiremos fortalecendo a nossa (força de) dissuasão", ressaltou a agência estatal de notícias "KCNA", ao citar um porta-voz do ministério de Relações Exteriores do país.

A Coreia do Norte lançou dezenas de mísseis sob o comando do líder Kim Jong-un e vem acelerando seu programa de armas, concebido para lhe dar a capacidade de visar os EUA com um míssil nuclear poderoso. O último projétil, lançado em setembro, sobrevoou Hokkaido, no Norte do arquipélago japonês, e caiu no Pacífico cerca de 2 mil quilômetros a Leste, disse o governo do país. O foguete viajou aproximadamente 3.700 quilômetros, de acordo com os militares da Coreia do Sul – longe o suficiente para atingir o território norte-americano de Guam, no Pacífico, que Pyongyang já ameaçou.


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