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Novela dos medidores de energia em Manaus tem risco para os políticos


Por Raimundo de Holanda

23/04/2023 19h56 — em
Bastidores da Política



Enquanto o Tribunal de Justiça do Amazonas não decide sobre o destino dos novos medidores de energia, os desgastes são imensos: para a Amazonas Energia, que investiu pesado no novo sistema para evitar desvios; para a Justiça do Amazonas, que enquanto aguarda uma decisão do Pleno do STF (sobre a liminar concedida à concessionária pelo Ministro Roberto Barroso) alimenta disputas perigosas que envolvem interesse suspeito de uma parcela da população, e para os políticos diretamente envolvidos, que não poderão entregar o que estão prometendo. Não perceberam ainda que a moeda de troca aí é o capital político, que fatalmente será reduzido quando esses consumidores perceberem que caíram “em uma onda”.  

  

A publicidade veiculada pela Amazonas Energia, em defesa dos medidores aéreos, não precisava ser tão explícita ao afirmar que só é contra os medidores os que defendem ou são favoráveis ao crime. Ora, 45% da energia consumida em Manaus é furtada e furto está previsto no Código Penal como crime, passivo de um a quatro anos de prisão.

É legítimo que os  políticos empunhem a bandeira daqueles consumidores que vêem nos novos medidores uma tentativa da concessionária de impedir o acesso à informação minuciosa sobre o consumo de energia, mas não podem ignorar que o novo sistema torna tudo mais transparente: o acompanhamento é em tempo real, via celular - nos mesmos moldes daqueles consumidores  que possuem geração de energia solar. No caso destes, sabem quanto estão produzindo e em média quanto será abatido de sua conta com a concessionária.

Não se pode acusar deputados e vereadores que são contra o novo sistema de criminosos, mas é fato que cometem estelionato político. 

Ao  tomarem para si a defesa de uma causa perdida, colocam em risco  a relação que mantêm com seus eleitores. 

Causa perdida porque já existe uma decisão do Ministro Roberto Barroso, que fatalmente será referendada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, de que nem Estado nem Município podem intervir no setor porque se trata de uma atribuição da União. 

Em algum momento o Pleno do STF se manifestará. Mas até aqui os desgastes são imensos...

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ASSUNTOS: Aleam, amazonas energia, cmm, Medidores aéreos, TJam

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.