Bolsonaro se filia ao PSL e dá início a corrida pela presidência
BRASÍLIA — O deputado Jair Bolsonaro (RJ) se filiou na noite desta quarta-feira ao Partido Social Liberal (PSL) e lançou sua pré-candidatura a presidência da República com um discurso em defesa da revisão da lei do desarmamento. O presidenciável disse que, se eleito, vai propor o fim do monopólio de armamentos da empresa Taurus e garantiu que a chamada “bancada da bala”, que reúne os deputados que o apoiam, vai aumentar e se transformar em “bancada da metralhadora” para “defender a liberdade e a vida”.
O ato político foi marcado por orações, choro e gritos exaltados na plateia, inclusive pedindo a prisão do ex-presidente Lula. Apesar do nome da legenda, Bolsonaro, seu provável vice, senador Magno Malta (ES), e o presidente do PSL, Luciano Bivar (PSL-PE), disseram que ali estava sendo criado o primeiro partido oficialmente conservador, de direita, no país.
Bivar informou que nesta quinta-feira, na esteira de Bolsonaro, se filiarão oficialmente outros oito deputados federais à legenda. Diversos parlamentares que pretendem apoiar a candidatura do presidenciável compareceram ao lançamento, entre eles Índio da Costa (PSD-RJ), pré-candidato a governador no Rio.
— Meu candidato ao Senado pode ser do PSL. Eu tenho uma boa estrutura de campanha e Bolsonaro vai bombar no Rio — propôs Índio.
Depois de uma dezena de discursos de deputados apoiadores, o mestre de cerimônias anunciou a fala de Bolsonaro. Em meio a gritaria da plateia que gritava “mito, mito, mito”, todos ficaram de pé para cantar o Hino Nacional. Em seguida, Magno Malta fez uma oração e todos rezaram o Pai Nosso.
No discurso, o pré-candidato tentou rebater as críticas feitas a ele. A primeira, que não tem preparo para comandar o país. Sobre ser militar, ele disse que, “se for a vontade de Deus” e chegar ao Planalto, anunciará um Ministério com “gente gabaritada”, com civis e militares, e não irá negociar indicações com “malas de dinheiro” no porão do palácio.
Boneco inflável representando o deputado Jair Bolsonaro é montado em frente ao Congresso - Ueslei Marcelino / Reuters
Sobre o risco de se instalar uma nova ditadura militar se for eleito, disse que os militares “sempre” foram amantes da liberdade e da democracia.
— Ditaduras sempre se instalam, primeiro com o desarmamento da sociedade. Nós temos que discutir sim essa questão do armamento. Falam jocosamente que sou apoiado pela bancada da bala, essa bancada vai aumentar, como diz o deputado Franscichini, vai virar a bancada da metralhadora para defender a liberdade e a vida — discursou Bolsonaro, acrescentando que defenderá que cada cidadão de bem, se quiser, possa ter uma arma.
Nesse momento Bolsonaro criticou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungman, e deu sua receita de combate a violência:
— Violência se combate com energia e, se for necessário, com mais violência — disse Bolsonaro, argumentando que alguns criminosos são “irrecuperáveis”.
Ele cobrou ainda que as ações do MST sejam tipificadas como terrorismo e criticou a candidatura de Guilherme Boulos a presidente pelo PSOL.
— Eles estão tão ousados que um marginal do MTST vai ser candidato a presidente da República — atacou.
Bolsonaro também tentou desfazer a imagem de que é homofóbico. Da plateia mulheres gritavam que era preciso combater a ideologia de gênero.
— Um pai ou uma mãe prefere chegar em casa e ver um filho homem com o braço quebrado no futebol, do que vê-lo brincando de boneca por influência na escola — disse.
Na abertura, o presidente do PSL, Luciano Bivar, disse que saudou a filiação de Bolsonaro.
— Estávamos noivos e hoje é o dia do casamento — disse.
— Beija, beija, beija — gritaram do plenário.
— Isso aqui é um casamento hétero — respondeu Francischini.
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