Sem dados, Bolsonaro diz que isolamento pode levar a suicídios e depressão
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que, em sua opinião, o isolamento social e interrupção das atividades comerciais em estados e municípios, medida necessária aos esforços contra o coronavírus, pode levar casos de suicídio, depressão e mortes provocadas por "questões psiquiátricas".
Segundo o UOL, no entanto, o mandatário não apresentou dados que fundamentassem as suas declarações. Limitou-se a afirmar que "o pânico é uma doença e está levando o pessoal ao estresse. Mortes virão".
A tese do presidente é que, com a economia paralisada, haverá demissão em massa e, consequentemente, os brasileiros não conseguirão colocar "um prato de comida" em casa.
"O pai que chega ou está em casa, o filho pede um prato de comida e não tem. Ele, que tem vergonha na cara, começa a se julgar responsável pelo que está acontecendo. E vai à luta. Até um animal vai à luta para trazer o sustento para os seus filhos. O ser humano não é diferente."
Apesar da gravidade do problema e dos riscos para a população, Bolsonaro tem feito campanha pela reabertura do comércio e retomada da rotina no país. Na avaliação do chefe do Executivo federal, "não é apenas a questão de vida, é a questão da economia e do emprego também".
"Se o emprego continuar sendo destruído da forma como está sendo, outras [mortes] virão e por outros motivos. Depressão, suicídio, questões psiquiátricas."
O isolamento, segundo as ideias do mandatário, tem que ser restrito aos chamados grupos de risco (idosos e pessoas com complicações preexistentes).
Ontem (29), em meio à pandemia do coronavírus, Bolsonaro contrariou as orientações do Ministério da Saúde e saiu às ruas do Distrito Federal para falar com ambulantes, ir a comércios que seguem abertos (farmácia, supermercado, posto de gasolina) e visitar o HFA (Hospital das Forças Armadas).
A necessidade de apelar para que a população fique em casa é endossada pelo Ministério da Saúde, pasta do próprio governo, o que tem gerado atritos entre o presidente e o ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
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