A decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, nesta quarta-feira (26), gerou forte reação do político. Em declaração à imprensa, Bolsonaro classificou as acusações como "graves e infundadas" e voltou a atacar o sistema eleitoral, afirmando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) agiu contra ele nas eleições de 2022.

"Acusações são infundadas"

Bastidores da Política - O poder de Janja

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O poder de Janja

Em sua declaração, Bolsonaro sugeriu que existe uma perseguição política contra ele e que não houve qualquer articulação golpista. O ex-presidente também rejeitou a ideia de que planejava um golpe: "Golpe tem conspiração com imprensa, parlamento, setores do Judiciário, setores da economia, fora do Brasil, Forças Armadas em primeiro lugar, sociedade, empresários, agricultores. Aí você começa a gestar um hipotético golpe. Nada disso houve".

Críticas ao STF e ao TSE

Bolsonaro utilizou suas redes sociais para reforçar suas críticas ao STF. Em um post no X (antigo Twitter), o ex-presidente chamou o julgamento de "atentado jurídico à democracia" e acusou a Corte de tentar impedir sua participação nas eleições de 2026. "Todos dizem que o processo se encerrará até o final de 2025, mesmo não havendo precedentes para tamanha celeridade em um caso dessa dimensão", escreveu.

Ele também voltou a questionar a lisura do pleito de 2022 e acusou o TSE de favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Não pude mostrar imagem do 7 de Setembro, de parte do meu discurso na ONU, o Lula ao lado de ditadores. Eu não pude mostrar nada", reclamou. Bolsonaro ainda criticou a campanha de incentivo ao alistamento eleitoral de jovens, afirmando que essa faixa etária "vota na esquerda" e que a adesão poderia ter influenciado o resultado da eleição.

"O que Moraes quer esconder?"

Bolsonaro também fez ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF. "Estou sendo acusado de tentativa de golpe. Alguns devem ter percebido a forma incisiva que o ministro Moraes conduz. O que ele quer esconder?", questionou. 

O ex-presidente afirmou que não há provas concretas contra ele. "Golpe tem povo, mas tem tropa, armas e tem liderança. Dois anos de investigação e não descobriram quem, porventura, seria esse líder", disse, referindo-se aos acordos de não persecução penal assinados por investigados no caso.

Com a aceitação da denúncia, Bolsonaro e seus aliados passam agora para a fase de instrução do processo penal, em que o Ministério Público e as defesas poderão apresentar provas e convocar testemunhas. Ainda não há data para o julgamento final.