A cada 45 minutos um jovem se suicida no Brasil
Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o Brasil aparece em 11º lugar no ranking de países com maior número absoluto de casos de suicídio. A cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida: são 25 brasileiros que se suicidam por dia no país. O dado é mais preocupante quando se identifica que o suicídio é a 2ª maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, de acordo com a ONG Centro de Valorização da Vida, uma das principais instituições que monitora e estuda os casos no Brasil.
Ao contrário do que muitos podem imaginar a depressão juvenil não é um problema da adolescência. Ela começa a se instalar num momento delicado e crucial da vida de todas as pessoas: a infância. Segundo a psicóloga do sistema de saúde Hapvida, Joelina Abreu, é na formação da personalidade que a família mais precisa oferecer suporte e harmonia à formação do indivíduo, dentro de casa.
“Até os 7 anos de idade, em média, nós formamos o que chamamos de personalidade. Nessa fase, a família precisa oferecer um cenário de conforto emocional e de equilíbrio racional para a criança. Assim, ela vai crescer sabendo lidar com emoções, principalmente, com as frustrações”, revela a especialista.
Essa harmonia proporcionada na infância não tem relação com o tipo de família, pondera a psicóloga. “Não importa se os pais são casados ou separados, se é uma família hetero ou homoafetiva, se a criança é criada pelos pais ou pelos avós. Essas questões são extraordinárias, oriundas de padrões de vida que variam de acordo com os valores que cada um carrega. Mas em todos esses lares, o amor, o acolhimento e a compressão devem ter sempre o maior peso”, orienta Joelina Abreu.
É claro que, mesmo com todo esse suporte, algumas famílias experimentaram o sabor amargo da perda precoce de um parente que se suicidou. Não se pode negar que fatores externos, como um stress em uma situação de perigo, ou de ameaça, coloquem o adolescente em conflito interno.
“Todos nós fomos adolescentes e passamos por momentos de querer desaparecer do mapa, porque é natural você se sentir estranho nessa fase da vida, em que não se é adulto e não se é mais criança, mas o pensamento suicida real é potencializado em mentes vulneráveis, justamente as que não foram incentivadas a buscar o lado positivo de tudo, desde a infância”, diz a psicóloga.
De qualquer modo, sejam motivados pela depressão ou porque decidiram entrar em um jogo de desafios macabros, muitos jovens hoje são potenciais suicidas. O fato de ter se mantido o tabu sobre o tema por muitos anos não adiantou, pelo contrário, só agravou a situação. “Os adolescentes sentem que não precisam ou que não podem conversar sobre esse desejo de tirar a própria vida por medo de julgamentos na família e entre amigos, na escola, no bairro”, defende a psicóloga do Hapvida Saúde.
Na mídia, de um modo geral, a regra é não noticiar casos de suicídio. A tese é de que notícia provocaria o chamado “efeito cadeia”, em que um suicídio inspiraria outros casos. Mas a especialista entende que não é bem isso o que acontece. Segundo ela, “quando a imprensa noticia homicídio e feminicídio, por exemplo, isso não incentiva ninguém a também cometer esses crimes”.
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