Caso de estupro coletivo revela comportamento alarmante em internautas
Não bastasse ter sido estuprada por 33 homens, a adolescente de 16 anos cujo caso chocou o Brasil nesta semana e agora repercute internacionalmente, está sendo vítima de hostilização nas redes sociais.
Com o espaço democrático que a internet possibilita, o caso serviu para escancarar uma realidade ainda mais assustadora: o menoscabo - a diminuição da importância - da situação por grande parte da população.
Muitos internautas disponibilizaram parte de seu tempo para culpar a vítima, listando impossíveis justificativas para o ato injustificável. Lugares por onde andou, o que andou fazendo, vestindo, usando, o fato de já ter um filho… Uma busca incessante por motivos que a fariam merecer o estupro.
Um perfil no Twitter chegou a ser criado com o único objetivo de tentar “justificar" o crime, induzindo o público a acreditar que pelo fato da garota andar em más companhias ou ter fotos segurando armas, a culpa seria dela, e não dos estupradores.
Esse tipo de comportamento não passou despercebido também pela mídia internacional. A propagação do vídeo em aplicativos como WhatsApp ganhou destaque em jornais, que mencionaram que o fato aconteceu em um “ambiente propício ao estupro no Brasil.”
As estatísticas apontam que uma mulher é violentada a cada 11 minutos no país. Dentro desses números estão crianças, jovens e mulheres que são estupradas também dentro de casa, na escola, indo à faculdade, voltando do trabalho, em lugares públicos…
E faz parte do combate a essa cultura do estupro, compreender que independentemente de quem ela seja, do que ela use, do que faz, com quem anda, onde estava: A culpa nunca é da vítima. Essa culpabilização distorcida é mais uma forma de deixar que o estuprador passe impune e que o ato aparente mais banalizado para potenciais estupradores.
Em contrapartida, em tempos de conscientização a cultura do estupro vem sendo amplamente debatida com o acontecimento, o que é essencial para o seu combate. A hashtag #EstuproNaoÉCulpaDaVitima se tornou um dos assuntos mais mencionados nas redes sociais. Manifestações também aconteceram no Rio de Janeiro e estão sendo marcadas para os próximos dias em diversas capitais brasileiras.
Taiane Sales, Portal do Holanda.
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