O governo federal realizará nesta segunda-feira (24) um pedido de desculpas públicas às famílias das vítimas da Vala Clandestina de Perus, por meio da ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo. O reconhecimento da negligência do Estado na identificação dos remanescentes ósseos encontrados na vala é parte de um acordo firmado após uma ação pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) em nome dos familiares de desaparecidos.

A Vala de Perus, descoberta em 1990, abriga os restos mortais de 1.049 pessoas que foram enterradas ilegalmente no Cemitério Dom Bosco, em São Paulo, durante a ditadura militar (1964-1985). As ossadas foram reveladas pelo jornalista Caco Barcellos e pelo administrador de cemitérios Antônio Pires Eustáquio. Esses corpos pertenciam a opositores do regime, como políticos e militantes que foram torturados e mortos.

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Após a descoberta, os restos mortais foram armazenados de forma inadequada, o que levou a um atraso na identificação das vítimas. Em 1993, um memorial foi inaugurado pela então prefeita Luiza Erundina em homenagem aos encontrados na vala. Recentemente, o Ministério dos Direitos Humanos assinou um novo acordo com a Unifesp e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos para retomar os trabalhos de identificação das ossadas.

Em dezembro de 2024, o pedido de desculpas foi acordado com o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). Além de continuar os esforços para identificar os restos mortais, a União reconheceu as graves violações de direitos humanos cometidas por agentes de segurança, resultando no desaparecimento de brasileiros. A cerimônia contará com a presença de familiares das vítimas, autoridades e representantes da sociedade civil.