Lula me deu liberdade na tomada de decisões à frente do BC, diz Galípolo em sabatina
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Indicado para a presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo afirmou nesta terça-feira (8) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu que ele terá liberdade para tomar decisões à frente do cargo, privilegiando o interesse do povo brasileiro.
"Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões, e que o desempenho da função deve ser orientado exclusivamente pelo compromisso com o povo brasileiro", afirmou.
"Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro", acrescentou.
Galípolo passa por sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal. Essa é a primeira votação para o comando do BC desde que a autonomia da autoridade monetária entrou em vigor, em 2021.
Em sua fala inicial, Galípolo reafirmou o compromisso do BC de levar a inflação em direção à meta e também disse que o país tem condições de se firmar como economia sustentável e de assegurar o crescimento da produtividade.
"Nós vamos estar sempre sujeitos a momentos mais desafiadores, mas a atuação do Banco Central tem sido inequívoca na perseguição da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional", disse.
O alvo perseguido pelo BC é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
"Devo às senadoras e senadores a obrigação de reafirmar, um, meu compromisso com o mandato estabelecido pelo arcabouço institucional e legal para a autoridade monetária brasileira; dois: a consciência da honra e responsabilidade que envolvem a indicação à presidência do Banco Central e do papel da estabilidade financeira na construção da sociedade que desejamos", afirmou Galípolo.
Atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Galípolo foi indicado pelo presidente Lula para assumir a presidência para o mandato entre 2025 e 2028. O anúncio foi feito pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) no fim de agosto.
Aos 42 anos, Galípolo foi um dos conselheiros econômicos de Lula na campanha presidencial de 2022, atuou como secretário-executivo do Ministério da Fazenda e braço-direito de Haddad até junho do ano passado e manteve canal direto com o chefe do Executivo desde que assumiu o posto de diretor do BC.
Galípolo graduou-se em 2004 em economia pela PUC-SP, onde também obteve o título de mestre em economia política. Entre 2006 e 2012, lecionou na mesma instituição.
Sua primeira passagem pela administração pública foi entre 2007 e 2008, no Governo de São Paulo, durante a gestão de José Serra (PSDB), na secretaria de Economia e Planejamento e na dos Transportes Metropolitanos.
Ele também foi presidente do banco de investimentos Fator de 2017 a 2021.
No comando do BC, Galípolo terá a missão de conquistar a confiança do mercado financeiro, que teme um BC leniente no combate à inflação em 2025, quando o Copom (Comitê de Política Monetário) terá maioria dos integrantes indicados pelo petista.
Em maio, um racha no colegiado do BC provocou ruídos e, desde então, os membros da cúpula tentam mostrar coesão.
Na última reunião do Copom, em setembro, Galípolo votou alinhado ao atual chefe da autoridade monetária em uma decisão unânime por um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), de 10,5% para 10,75% ao ano primeira alta feita durante o terceiro mandato do presidente Lula.
Amigos e ex-colegas apostam em Galípolo pragmático e negociador no BC sob sua gestão. Capacidade de diálogo e inteligência emocional são algumas das qualidades de Galípolo descritas por economistas que o conhecem de longa data.
"Menino de ouro", "competentíssimo" e "de uma honestidade ímpar" foram alguns dos elogios públicos feitos por Lula a Galípolo antes mesmo da indicação.
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