MPF denuncia 'doleiro dos doleiros' e mais 4 por esquema de lavagem de dinheiro
RIO — O Ministério Público Federal (MPF) denunciou três doleiros e dois proprietários de uma corretora que era usada para armazenar e efetivar pagamentos de recursos ilícitos a agentes públicos. Os sócios da instituição financeira paralela Advalor João Paulo Julio Lopes e Miguel Julio Lopes e os doleiros Dario Messer — considerado "o doleiro dos doleiros" —, Chaaya Moghrabi (Yasha) e Flávio Dib são acusados de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crime contra o sistema financeiro de apropriação indébita.
Os crimes foram apurados a partir das operações Câmbio Desligo, Calicute, Tolypeutes e Advalorem. Segundo a denúncia, a corretora operava em favor, por exemplo, do ex-secretário de Transportes do Rio de Janeiro Luiz Carlos Velloso. Ele usou os serviços de Miguel e João Paulo Julio Lopes para gerir parte do montante desviado das obras da Linha 4 do Metrô do Rio. O esquema teria permitido a Velloso ocultar R$ 5,9 milhões.
A investigação mostrou que os pagamentos de propina da Carioca Engenharia ao ex-secretário de Transportes eram realizados em dinheiro na sede da corretora, no Centro do Rio. Até hoje permanecem na instituição R$ 700 mil. A partir de 2016, Velloso começou a ter dificuldade em retirar os depósitos porque os proprietários passaram a não devolver os valores.
"Os administradores da empresa Advalor, Miguel Julio Lopes e João Paulo Julio de Pinho Lopes, que funciona como verdadeira instituição financeira, operaram com recursos ilícitos de agentes públicos e acabaram se locupletando pelo fato destes agentes públicos terem sido investigados e seus ilícitos descobertos. Isso porque, na medida em que os ilícitos foram descobertos, os administradores da empresa Advalor não devolveram os valores que lá estavam depositados”, explicaram os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato do Rio na denúncia, protocolada em 11 de setembro.
Segundo os procuradores, Miguel e João Paulo realizaram operações dólar-cabo com a ajuda de Dario Messer, Chaaya Moghrabi (Yasha) e Flávio Dib. Os sócios da Advalor também tiveram auxílio de Renato e Marcelo Chebar, Cláudio Barboza e Vinicius Claret. A Advalor recebia os recursos em dinheiro no Centro do Rio e vendia dólares no exterior.
"No caso concreto, os irmãos Chebar e Chaaya Moghrabi (“Monza”) tinham interesse no crédito de dólares nas contas que operavam no exterior, enquanto Miguel Julio Lopes e João Paulo Julio de Pinho Lopes, por intermédio de Flavio Dib, precisavam de recursos em espécie, sendo Juca e Tony responsáveis por ligar essas duas pontas”, explicam na denúncia.
ASSUNTOS: doleiros, empresários, lava-jato, Brasil