SÃO PAULO — A força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba denunciou Ângelo Tadeu Lauria, operador ligado ao MDB, por intermediar vantagens indevidas a políticos do partido, segundo informações da 51ª fase da operação, deflagrada em maio.

De acordo com a primeira denúncia dos procuradores, houve crimes de associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro em um contrato de R$ 825 milhões firmado entre a Odebrecht e a Petrobras. Para o Ministério Público Federal, executivos da empreiteira pagaram propina a funcionários da estatal e a operadores ligados ao MDB, que chegam a US$ 55 milhões entre 2010 e 2012. Na contabilidade paralela da Odebrecht, os valores teriam sido repassados para políticos apelidados de "Mestre" e "Tremito".

Os valores investigados teriam sido os mesmos discutidos por Temer, segundo um dos delatores da Odebrecht, Marcio Faria. Em delação premiada, o ex-executivo das empreiteira contou que participou de uma reunião em 15 de julho de 2010 para tratar dos valores referidos no contrado, fechado no mesmo ano.

Entre os benefícios da Odebrecht com o pagamento dos valores, está o acesso a informações privilegiadas do projeto. A empresa chegou a sugerir alterações na licitação. A propina foi repassada por meio de repasses em bancos estrangeiros usando contas de empresas fantasmas no exterior, as chamadas off-shore. A estratégia é utilizada para dificultar seu rastreamento.

Segundo o Ministério Público, os elementos indicam que, do valor total da propina, US$ 31 milhões teriam sido direcionados para intermediários de políticos do MDB.

"O pagamento neste núcleo se deu por meio da utilização de contas mantidas por operadores financeiros no exterior, que tratavam de disponibilizar o valor equivalente em moeda nacional, em espécie e no Brasil, ao encarregado pelo recebimento e distribuição do dinheiro aos agentes vinculados ao MDB", dizem os procuradores.

Lauria, apontado como o intermediário que representava os políticos do partido, era sócio do lobista João Augusto Henriques, também ligado aos políticos do partido, como Eduardo Cunha.