Prefeito convida médico cubano para ser secretário de Saúde
RIO — O prefeito da cidade de Chapada, no Rio Grande do Sul, Carlos Alzenir Catto (PDT) , convidou o médico cubano Richel Collazo, que atua pelo programa Mais Médicos na cidade, para assumir o cargo de secretário municipal de Saúde. O convite foi feito após o Ministério de Saúde Pública de Cuba anunciar na última quarta-feira a decisão de deixar o Programa Mais Médicos , justificando que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" ao trabalho dos médicos do país caribenho.
O comunicado feito na página oficial da Prefeitura informa que o pedido foi feito "acreditando na capacidade e no profissionalismo já demonstrado pelo médico em nosso município". Collazo trabalha em Chapada há quatro anos faz parte de uma equipe de apenas três médicos que atuam na cidade. Em entrevista à "Rádio Gaúcha", Catto disse que o convite foi feito oficialmente na quarta-feira, quando se encontrou com o médico cubano após o expediente.
— Ele foi muito bem aceito na cidade, tem competência e não falta no serviço. Nós aprovamos o serviço dele e a população também. O doutor ficou satisfeito após o convite e estamos torcendo para ele assumir — afirmou.
O cubano chegou à cidade em 2014 e foi recebido por um comitiva de Chapada ainda em Porto Alegre. Ainda na primeira semana, ele já participou de um partida de futebol e de uma festa no interior da cidade. Dois anos depois, o médico se casou com uma moradora de lá.
Caso Collazo aceite assumir a pasta, seria necessário modificar a Lei o Orgânica do Município, que não prevê que estrangeiros tenham cargos no governo. Segundo o prefeito, com a resposta positiva do médico, ele acredita que não enfrentaria impasse na Câmara para aprovar a proposta. Atualmente a titular na Saúde é a vereadora Loiva Mirna Gauer, que já havia decidido retornar Câmara Municipal no fim do ano.
Em outubro, a Prefeitura de Chapada abriu um edital com o objetivo de contratar três médicos especializados em saúde da família para trabalharem em regime de 40h semanais e com o salário de pouco mais de R$ 11 mil, o mesmo do prefeito, mas nenhum profissional se inscreveu no programa. Ao"G1", o prefeito disse que este é apenas um dos exemplos da dificuldade que pequenos municípios têm na contratação de médicos:
— Não veio se inscrever ninguém. E olha que é uma cidade bonita, não tem barro quando chove, as ruas são asfaltadas... Imagina no interior do Brasil, no Nordeste, ou mesmo aqui no interior do Rio Grande do Sul.
Além disso, o prefeito também destacou o profissionalismo do médico, pois ele e sua família já se consultaram no posto municipal com Collazo. "Sempre fomos muito bem atendidos, não tem trabalho escravo aqui. Ele sempre foi pontual, faz a carga horária, está inserido na comunidade. Eu torço para que ele fique como médico, se não for assim, como secretário", afirmou.
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