Os incêndios recordes que atingem o interior de São Paulo desde o fim de semana têm desafiado severamente a capacidade das autoridades e gerado um cenário caótico em diversas cidades do estado. Com casas evacuadas, rodovias bloqueadas e pessoas impedidas de chegar a seus destinos, a situação é agravada por condições extremas de poluição atmosférica, paisagens desoladoras, aeroportos sem operações, além de picos nos fornecimentos de energia elétrica e água.

Após dois dias de incêndios que totalizaram mais de 2,3 mil ocorrências, São Paulo lidera o ranking de incidentes no país, com 46 cidades em estado de alerta máximo e emergência decretada por 180 dias. As chamas continuam a se espalhar por áreas de vegetação e plantações, especialmente na região de Ribeirão Preto, que se tornou o epicentro de uma força-tarefa estadual com apoio das Forças Armadas, visando mitigar a crise climática.

A qualidade do ar, monitorada pela Companhia Ambiental do Estado (CETESB), deteriorou-se desde sexta-feira (23), alcançando a classificação de "muito ruim" — uma antes da "péssima", a mais grave — com concentrações de até 190 microgramas de partículas MP10 por metro cúbico, conforme medição das últimas 24 horas até às 20h deste sábado. A umidade relativa do ar também caiu para níveis críticos, abaixo de 20%, enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda níveis entre 50% e 60%.

Na prática, a fumaça é onipresente, inclusive em ambientes fechados, forçando muitos residentes a usar máscaras faciais e resultando em um aumento de 60% nos atendimentos de saúde em cidades como Ribeirão Preto, conforme dados da Prefeitura. A mesma fumaça, combinada com ventos fortes, provocou um escurecimento abrupto do céu ao entardecer e levou o Aeroporto Estadual Leite Lopes a suspender operações de pousos e decolagens durante a noite. Além disso, os incêndios causaram picos no fornecimento de energia elétrica e interrupção no abastecimento de água devido ao desligamento de 23 poços.