Doença transmitida no sexo resiste a antibióticos e deixa médicos em alerta
LONDRES - A Associação Britânica da Saúde Sexual e HIV (BASHH, na sigla em inglês) emitiu, na última sexta-feira, novas diretrizes para evitar que uma bactéria transmitida sexualmente e pouco conhecida se torne uma "superbactéria" resistente aos antibióticos mais comuns.
A mycoplasma genitalium (MG) é uma bactéria que infecta o sistema reprodutor masculino e feminino, gerando problemas como inflamação do útero e da uretra, por exemplo.
A disseminação da bactéria ocorre principalmente no continente europeu. No Brasil, a infecção não é de notificação compulsória. Por isso, não se sabe quantas são os casos da DST. A mycoplasma genitalium já tem se mostrado resistente a alguns antibióticos e, no Reino Unido, autoridades de saúde estão atuando em novas diretrizes para evitar que a situação vire um caso de emergência pública.
As ações locais tem sido para identificar e tratar a bactéria de forma mais eficaz. Como forma de proteção, o uso de camisinha, feminina ou masculina, é sempre a melhor alternativa para evitar que a infecção se espalhe.
Os possíveis efeitos
A mycoplasma genitalium é uma bactéria transmitida sexualmente. Nos homens, pode causar a inflamação da uretra, levando a secreção no pênis e a dor na hora de urinar, por exemplo.
No caso das mulheres, pode causar a inflamação dos órgãos reprodutivos, útero e trompas de falópio, provocando dor na hora da relação sexual, na área pélvica, febre, sangramento e há indícios de infertilidade.
É preciso saber que a infecção nem sempre tem sintomas. Muito por isso pode ser confundida com outras DSTs, como a clamídia, mais frequente no Brasil.
Como é o tratamento
Porta-voz da BASHH, Paddy Horner afirmou ao Independent que o tratamento é à base de antibióticos. "Mas, como até recentemente não havia testes comercialmente disponíveis para a bactéria, esta foi frequentemente mal diagnosticado como clamídia e tratada como tal".
Ele acrescenta ainda que se as práticas vigentes não mudarem e os testes não forem usados corretamente, a MG tem um "potencial para se tornar uma superbactéria em uma década, resistente aos anitbióticos padrão".
Situação no Brasil
Ainda que a infecção não seja de notificação compulsória, o Ministério da Saúde informou que existem no Brasil estudos de prevalência regionais que demonstram que o mycoplasma genitalium é muito menos frequente que outros agentes como o da gonorréria e o da clamidia.
"É importante frisar que a realidade do Brasil ainda é muito diferente da Inglaterra", informou em nota a pasta. Apesar dessa menor prevalência, a pasta informa que, visando uma consolidação dos dados da prevalência nacional da bactéria, instituiu, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, o estudo Etiologia das Uretrites e das Úlceras Genitais.
A pesquisa começou em 2017 e está na fase de treinamento dos sítios e início de coleta das amostras, que serão enviadas para o laboratório de referência nacional do projeto (Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia/UFSC).
A camisinha masculina ou feminina é fornecida gratuitamente pelo Sistema único de Saúde (SUS), podendo ser retirada nas unidades de saúde de todo o país.
ASSUNTOS: casal, doença sexualmente transmissível, sexo, Saúde e Bem-estar