A história de Wallace Souza chega a Netflix como documentário
As últimas notícias do conhecido como “Caso Wallace”, em Manaus, vieram em 2019, quando o documentário “Bandidos na TV” ou “Killer Ratings” (em língua inglesa), foi exibido com grande repercussão na Netflix, canal especializado em filmes e séries de televisão.
A audiência dos episódios da primeira fase, lançada em 31 de maio daquele ano, deixou a série no trending topics do Twitter e do Facebook, sendo ainda um dos assuntos mais pesquisados do Google entre os dias 31 de maio e 1 de junho.
Com a repercussão do documentário no mundo, surgiu até o interesse, anunciado pelo diretor, Daniel Bogado, da produção da segunda temporada, ainda indefinida por conta do Covid-19.
O caso já havia também sido o tema de uma série do canal Space, em 27 de agosto de 2018. Sob o título “Pacto de Sangue”, a ficção, inspirada no caso envolvendo o apresentador, retrata a história de um jornalista que provoca crimes em busca para ganhar audiência no seu programa de televisão.
CRIMES DE SUCESSO
Os acontecimentos da verdadeira história dos irmãos Souza deram-se em meados da década de 1990 ao início dos anos 2000, envolvendo Francisco Wallace Cavalcante de Souza, mais conhecido por Wallace Souza.
Ex-policial que entrou para a instituição, em 1979, decidido combater o tráfico de drogas após a perda de um irmão viciado em entorpecentes, Wallace, no entanto, foi expulso da corporação em 1987, sob acusação de desvio de combustível.
Mas ao manter o objetivo de continuar “combatendo o crime”, se tornou apresentador de um programa policialesco, denominado “Canal Livre”, exibido pela TV Rio Negro, hoje TV Bandeirantes.
A parceria dos irmãos, Carlos e Fausto Souza, ocorrida depois, os deixou conhecidos como “irmãos coragem”, numa referência à uma antiga novela da TV Globo, sem qualquer semelhança com o enredo da novela.
No programa, Wallace exibia crimes cometidos na cidade por brigas entre gangs formadas por traficantes de drogas, na disputa por pontos e pela hegemonia na operacionalização do tráfico na capital amazonense.
Mas também fazia assistencialismo, ajudando pessoas pobres a conseguir objetos como utensílios domésticos, consultas e até alimentos.
Com a proposta de estar a serviço da população no combate aos bandidos, num período em que o crime parecia crescer de forma desordenada, tornou-se uma espécie de “herói” para os moradores de bairros e comunidades da periferia da cidade, onde os traficantes agiam fortemente.
O programa, que era liderança no horário exibido, na hora do almoço, superava até a Rede Globo, tinha suas estratégias particulares.
Wallace recebia informações privilegiadas de fontes policiais e, dessa forma, apresentava filmagens de tiroteios entre a polícia e traficantes no momento em que ocorriam. O sucesso foi tão grande que o apresentador reuniu dois dos seus irmãos, Carlos e Fausto, para apresentar as atrações ao seu lado. A outra irmã, Marlúcia Souza, acompanhava de perto a trajetória dos irmãos.
Usando jargões como "Manaus não pode virar uma terra sem dono", o ex-policial expressava o que dizia ser revolta pela onda de violência, enquanto exibia imagens de pessoas mortas. Algumas imagens eram feitas antes mesmo da chegada das autoridades policiais, pois eles chegavam antes aos locais dos crimes.
ASSUNTOS: Caso Wallace