Final da Libertadores é adiada para domingo após ônibus do Boca ser apedrejado
O futebol argentino viveu neste sábado um dos mais tristes capítulos de sua história. Devido a tumultos no entorno do Estádio Monumental de Núñez, a segunda partida da final da Libertadores, entre River Plate e Boca Juniors, que estava marcada inicialmente para as 18h, foi remarcada para as 20h15 (de Brasília). Depois, foi remarcada as 18h de domingo. No fim da noite do sábado, a prefeitura de Buenos Aires interditou o estádio do River , colocando em risco a ealização da final da Libertadores.
Futebol não é isso, é diversão, é paz. Isso não é uma guerra, é futebol — explicou Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol.
O dirigente máximo da entidade que organiza a competição foi além:
— Foi um pedido dos dois clubes. O jogo não pode ser jogado dessa forma. Ninguém quer ganhar assim, e o senso comum adia o jogo. Havia um acordo dos presidentes dos clubes, mas agora eles disseram que não queriam jogar.
- Nós ganhamos as partidas dentro de campo, não fora. Não estávamos em condições de jogar, por isso pedimos o adiamento - disse Daniel Angelici, presidente do Boca.
O ônibus do Boca foi apedrejado na Avenida Del Libertador, nas proximidades do estádio. A polícia agiu usando gás de pimenta para dispersar os torcedores do River, mas jogadores do Boca passaram mal após inalar o gás e foi feito o pedido para que a partida fosse adiada.
Os jogadores do Boca cantavam, euróficos, quando o ônibus foi apedrejado.Veja no vídeo:
Dirigente do Boca, Jorge Anjár disse que o clube gostaria de jogar a partida, mas que o elenco não estava em condições de atuar por conta das agressões sofridas no ônibus a caminho do estádio.
O secretário-geral do clube, Christian Gribaudo, contou à rádio local “La Red AM", que todos os jogadores foram afetados pelo gás.
A presença do presidente da Fifa, Gianni Infantino, acabou forçando uma queda de braço entre o Boca, que queria o adiamento, e a Conmebol, que preferia manter a partida ontem.
A emissora argentina "TNT Sports" informou que o capitão do Boca, Pablo Pérez, com cortes no braço e estilhaços em um dos olhos, foi encaminhado para uma clínica e sua presença na partida ontem estava, devido ao ocorrido, descartada. Outro jogador que também precisou receber atendimento médico fora do estádio foi Lamardo.
Segundo o diário local “Olé”, o veterano atacante Carlitos Tévez, do Boca, vomitou no vestiário.
- É mais um problema da sociedade em que vivemos. Temos que assumir a responsabilidade de que estamos todos errados. Não estamos en condições de jogar. Estão nos obrigando a jogar- disse Tévez.
Além da agressão ao ônibus do time visitante, os arredores do estádio foram palco de outras cenas lamentáveis. Sinalizadores foram escondidos em crianças para passarem desapercebidos pelas revistas na entrada do Monumental.
Alguns veículos estacionados nas proximidades do estádio foram alvo de ladrões, de acordo com vídeos que circularam nas redes sociais.
Houve, também, grupos de torcedores do River que tentaram entrar no estádio sem ingressos. Nas redes sociais, esportistas ao redor do mundo lamentaram as cenas antes da final da Libertadores.
Punição em 2015
‘Que pena as notícias que chegam da Argentina. Assim o futebol não vive’, lamentou o zagueiro espanhol Puyol.
‘Que vergonha’, escreveu o ex-tenista argentino Juan Monaco.
A primeira decisão de Libertadores entre os dois maiores clubes da Argentina já protagonizara um fato raro no jogo de ida. Por conta da chuva, o clássico na Bombonera foi adiado em um dia. Com a bola rolando, as duas equipes ficaram no 2 a 2. Pratto e Izquierdoz (contra) marcaram para o time visitante, enquanto Ábila e Benedetto fizeram os gols do Boca.
Não foi a primeira vez que um episódio na Libertadores entre Boca e River foi manchado pelo gás de pimenta. Em 2015, nas oitavas de final, na Bombonera, jogadores do time visitante foram atingidos pelo gás. Como punição, o Boca acabou eliminado, e o River sagrou-se campeão.
Neste sábado, o futebol argentino voltou a viver um triste capítulo por conta do vandalismo.
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