Terra Prometida é terra de índio encontrada no Iranduba
Diferente de outras regiões do estado, o bom aproveitamento agrícola verificado no município de Iranduba está na fertilidade de suas terras, conhecidas como terra preta de índio, ou biochar. Pelo menos é o que garante o alemão Johannes Lehmann, um dos principais pesquisadores da terra preta de índio no mundo, que esteve no Amazonas para ampliar seus estudos sobre o assunto.
Nas terras do município de Iranduba, o agricultor João Rego Braga cultiva mamão, coco, banana e laranja. As raízes de suas árvores frutíferas e a abundância da produção são garantidas pela formidável terra preta de índio, o tipo de solo mais fértil de toda a Amazônia.
Em 2011, experimentos realizados por uma equipe brasileiro-americana comprovaram que esse solo apresenta quantidade e variedade bem mais amplas de microorganismos que os típicos dos trópicos.
A terra preta é, literalmente, um terreno dotado de maior vitalidade. Segundo explicação do agricultor, que aprendeu com a linguagem dos cientistas que se trata de um solo derivado da ação humana. “Essas terras foram criadas pelos antigos, que matavam o peixe e a caça e deixavam tudo na terra. Queimavam o carvão vegetal e também misturavam tudo. Deu nisso”.
O caboclo da floresta tropical está certo, apesar de os pesquisadores ainda não terem certeza se o carvão era levado ao solo intencionalmente ou se era mesclado aos refugos domésticos por acidente. Nos dois casos, porém, sabe-se que a terra preta garantiu a sobrevivência de enormes grupos humanos.
Os estudos atestam que ele é composto também de fosfato, derivado, provavelmente, de dejetos humanos e da fauna e da flora aquáticas, que pode significar que se trata de matéria orgânica advinda de atividades cotidianas das aldeias.
Ao longo dos séculos, sucessivas ocupações humanas foram aproveitando o potencial nutritivo da terra preta e deixando, por sua vez, novas matérias orgânicas, que a enriquecia ainda mais, num ciclo que não cessou de ocorrer.
A Embrapa realizou escavações no campo experimental Caldeirão, no KM-10 da rodovia AM-070, zona rural do município de Iranduba
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ASSUNTOS: Amazonas, ECOLOGIA, iranduba, Amazonas, Brasil