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Acompanhe a escalada da guerra comercial entre EUA e China de 2017 até hoje

Por Folha de São Paulo

09/04/2025 10h00 — em
Economia


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo patamar de agressividade nesta quarta-feira (9), com ambos os países anunciando significativas elevações em suas tarifas de importação. A medida é o mais recente capítulo de uma disputa comercial que se intensificou desde fevereiro de 2025, mas que sobrevive desde o primeiro mandato de Donald Trump na Presidência americana, com episódios também durante a gestão Joe Biden.

Em fevereiro deste ano, menos de um mês após retornar à Casa Branca, Trump impôs tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas. Isso inclui alguns produtos, como smartphones, que ele havia deixado de fora durante seu primeiro mandato.

A China retaliou impondo tarifas de 15% sobre carvão e produtos de gás natural liquefeito e uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto, maquinário agrícola e carros de grande motor importados dos EUA.

Trump elevou novamente as tarifas aos produtos chineses, provocando nova retaliação. O movimento se repetiu e, até o momento, os EUA elevaram as taxas sobre as importações chinesas para um total de 104%, e o Ministério das Finanças da China anunciou a imposição de tarifas adicionais de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos.

Na madrugada desta terça (8), Pequim havia afirmado que "lutaria até o fim" diante do que chamou de chantagens tarifárias de Trump. A escalada contínua das tarifas eleva o temor de uma guerra comercial prolongada e com consequências significativas para a economia global.

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VEJA A CRONOLOGIA DA ESCALADA TARIFÁRIA ENTRE EUA E CHINA

2017 – O INÍCIO DAS TENSÕES

Março - Donald Trump, recém-eleito, assina decreto pedindo fiscalização mais rigorosa contra práticas de comércio desleal como dumping (nome dado à venda de produtos no mercado externo por um preço mais baixo do que o praticado no próprio país ou abaixo do custo de produção)

Abril - Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, lançam um plano de 100 dias para reduzir o déficit comercial americano com a China, mas as negociações fracassam

Agosto - EUA iniciam uma investigação oficial sobre roubo de propriedade intelectual pela China

2018 – TARIFAS E RETALIAÇÕES DIRETAS

Janeiro - EUA impõem tarifas de 30% sobre painéis solares (principalmente chineses)

Abril - China responde com tarifas sobre US$ 3 bilhões em produtos dos EUA (frutas, vinho, carne suína). Um dia depois, EUA impõem tarifas de 25% sobre US$ 50 bilhões em bens chineses —e a China reage com o mesmo valor

Junho a Agosto - segue a troca de tarifas em disputas comerciais sobre tecnologia, propriedade intelectual e balança comercial que afetam em mais de US$ 250 bilhões as mercadorias chinesas e em mais de US$ 110 bilhões as importações dos EUA para a China

Setembro - EUA impõem tarifas de 10% sobre mais US$ 200 bilhões em produtos chineses, com previsão de aumento para 25% em janeiro de 2019

2019 – TENTATIVAS DE ACORDO

Maio - EUA proíbem a Huawei de adquirir componentes americanos

Junho - Trump e Xi concordam em retomar negociações, mas os avanços são lentos e limitados

2020 – ACORDO PARCIAL E PANDEMIA

Janeiro - EUA e China assinam o "Acordo da Fase Um", com o governo americano mantendo as tarifas de 25% sobre muitos produtos industriais chineses, enquanto reduzia as tarifas de 15% sobre alguns produtos de consumo para 7,5% e cancelava algumas outras tarifas

2022 A 2024 – A DISPUTA TECNOLÓGICA SE INTENSIFICA

Outubro de 2022 - Joe Biden amplia restrições sobre exportações de chips e semicondutores para a China

Outubro de 2023 e Dezembro de 2024 - Novas rodadas de sanções tecnológicas americanas contra a China

Fevereiro de 2024 - Em campanha, Trump promete tarifas de 60% sobre todas as importações chinesas caso vença novamente

Maio de 2024 - Biden aumenta tarifas sobre veículos elétricos, células solares, aço, alumínio e equipamentos médicos vindos da China

2025 – ESCALADA SEM PRECEDENTES

20 de janeiro – Trump lança a política "América em primeiro lugar"

A medida estabelece a revisão dos déficits comerciais dos EUA e prevê medidas como tarifas globais sobre importações

31 de janeiro - Primeira tarifa de 10% sobre produtos chineses

Trump anuncia a sobretaxa como resposta ao suposto fracasso da China em conter a exportação de substâncias químicas usadas na produção de fentanil

Canadá e México também são taxados em 25%. Uma alíquota adicional de 20% já havia sido imposta em fevereiro por Trump, elevando a tarifa inicial para 30%

5 de fevereiro – China reage com tarifas e controle de exportações

Pequim estabelece tarifa de 15% sobre carvão e GNL dos EUA e 10% sobre petróleo, máquinas agrícolas, veículos grandes e picapes. Também restringe exportações de 25 itens de terras-raras

O governo chinês abre contestação na OMC contra tarifas impostas por Trump

3 de março – Trump eleva tarifa sobre produtos chineses para 20%

O presidente americano alega que a China não fez o suficiente para conter o fluxo de drogas ilegais para os EUA. Com a tarifa anterior de 10% e a de 20% de fevereiro, o total chega a 50%

4 de março – Retaliação chinesa

Pequim aplica tarifas de até 15% sobre produtos agrícolas como frango, soja, trigo, milho, carne e laticínios; além de 10% sobre sorgo, soja, carne suína e bovina, pescados, frutas, vegetais e laticínios.

2 de abril – EUA adotam "tarifas recíprocas" sobre todos os seus parceiros comerciais

A China é taxada em 34%, elevando o total de tarifas para 54%

4 de abril – Nova resposta da China

Em retaliação, a China anuncia tarifa de 34% sobre produtos americanos, restrição a exportações de sete terras-raras e sanções contra quase 30 empresas dos EUA.

8 de abril – Mais 50% de tarifa sobre a China

Trump ameaça nova elevação caso a China não recue. O total atinge 104%

9 de abril – China anuncia tarifas de mais 84% sobre produtos dos EUA

Em resposta à tarifa americana de 104%, o Ministério das Finanças chinês impõe uma nova taxa de 84% sobre bens dos EUA


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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