Bancos esperam Selic de até 15% em junho, diz Febraban
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A taxa básica de juros deve chegar até 15% em junho de 2025, segundo pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) com 19 instituições financeiras e divulgada nesta quarta-feira (1º).
O levantamento mostra que 84,2% dos entrevistados esperam que o Banco Central eleve a taxa Selic para além de 14,25% ao ano no atual ciclo de aperto monetário. A expectativa é superior à da última pesquisa, lançada no final de novembro, quando os bancos esperavam uma taxa de 12,75% em março.
Mas, para 52,6% das instituições, o Banco Central deve começar a cortar a taxa de juros ainda em 2025.
Para a política monetária dos Estados Unidos, 57,9% das instituições ouvidas esperam que o FED (o Banco Central americano) siga com o processo de cortes dos juros em 2025, levando a taxas para o intervalo entre 3,75% e 4% ao ano. A taxa americana atual é de 4,25% a 4,5% ao ano.
A pesquisa da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia. O levantamento foi feito entre os dias 17 e 20 de dezembro.
Para 57,9% dos entrevistados, o IPCA (principal índice para medir a inflação brasileira) deve encerrar 2025 acima de 4,5%, acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e Planejamento e pelo presidente do Banco Central.
Os bancos creditam o estouro à atividade econômica aquecida, ao mercado de trabalho apertado e ao câmbio depreciado.
A expectativa para a taxa de câmbio também seguiu em alta em relação às pesquisas anteriores. No curto prazo, as instituições acreditam que o dólar deve seguir próximo a R$ 6, apresentando uma leve queda até julho de 2025, quando deve valer R$ 5,90.
Metade dos participantes também espera que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça cerca de 2,0% em 2025. Mas 27,8% esperam um crescimento menor. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao governo federal, prevê um crescimento de 2,4% neste ano.
Já o crédito bancário deverá crescer 9% em 2025, com a carteira de recursos livres (com taxas de juros livremente pactuadas entre as instituições financeiras e os seus clientes) tendo expansão de 8,3%, e a direcionada de 9,7%. A previsão é menor do que a de 2024, prevista para fechar em 10,5%. A informação foi adiantada pela Folha no último domingo.
Ainda de acordo com a pesquisa, a taxa de inadimplência da carteira livre deve fechar 2024 em 4,5%, pouco acima dos 4,3% previstos em novembro. Para 2025, a projeção da inadimplência da carteira livre também se elevou e atingiu 4,7%, ante 4,5% na pesquisa anterior.
"Esses dados indicam que as instituições financeiras começam a ver um cenário mais negativo para a inadimplência do próximo ano e, por isso, precisamos analisar com atenção a performance das famílias e das micro, pequenas e médias empresas, diante do novo ciclo de alta dos juros", afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Por fim, no campo fiscal, 66,7% dos entrevistados estimam que o pacote aprovado no Congresso gere uma economia entre R$ 40 bi e R$ 55 bi nos próximos dois anos. O governo prevê uma economia de R$ 69,8 bilhões. A Febraban, porém, iniciou a pesquisa antes de o Congresso concluir a aprovação das medidas e desidratar parte do pacote apresentado pela Fazenda.
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