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Bolsa tem forte alta com impulso de commodities; dólar cai após Caged e nova fala de Lula

Por Folha de São Paulo

27/06/2024 17h45 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira teve alta de 1,35% nesta quinta-feira (27) e terminou o dia aos 124.307 pontos, enquanto o dólar caiu 0,18%, a R$ 5,50, num dia positivo após novas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre cortes de gastos e dados econômicos mais fracos no Brasil e nos Estados Unidos.

O dólar operou em alta durante boa parte do dia, mas engatou queda após a divulgação do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) no meio da tarde, que mostrou criação de vagas abaixo do esperado no Brasil em maio. Segundo a pesquisa, foram criadas 131,8 mil vagas no mês, resultado bem menor que as 200 mil vagas esperadas por analistas consultados pela Bloomberg.

Os números apontam para desaceleração da economia e podem ajudar o Banco Central a voltar a reduzir os juros no país, auxiliando ativos locais.

Além disso, o presidente Lula afirmou, em entrevista à Rádio Itatiaia, que sempre há espaço para reduzir despesas no Orçamento e disse que tem sido feio um estudo profundo sobre gastos nos ministérios.

Os comentários do presidente vêm em meio a incertezas e deterioração da percepção fiscal no Brasil, com agentes do mercado considerando os gastos do governo excessivos. Na quarta, falas de Lula na direção contrária causaram forte alta no dólar, que atingiu seu maior patamar em mais de dois anos.

Na Bolsa, a Suzano, de papel e celulose, foi a maior alta do dia, com avanço de mais de 12% após receber uma recomendação de compra do papel pelo banco Safra. A Petrobras, uma das empresas de maior peso do Ibovespa, subiu quase 2% e também apoiou o índice.

Na ponta negativa, a Sabesp, em processo de privatização, caiu 1% no início da sessão, mas apagou as perdas e passou a operar em alta minutos depois. Na noite de quarta (26), encerrou-se o prazo para empresas manifestarem interesse em serem acionistas de referência da companhia de saneamento, e a Equatorial foi a única a apresentar uma proposta.

O cenário externo também ajudou os negócios nesta quinta. Dados divulgados nos Estados Unidos mostraram que houve moderação no crescimento econômico do país no primeiro trimestre e apontaram números mais fracos de gastos do consumidor, reforçando a narrativa de desaceleração da economia americana, que também poderia abrir espaço para um corte de juros.

Investidores também avaliaram o relatório de inflação do Banco Central, que trouxe uma melhora na projeção de crescimento do PIB em 2024, mas uma piora na expectativa de déficit em transações correntes.

A projeção do BC para o PIB este ano passou de 1,9% para 2,3% —ainda abaixo dos 2,5% estimados pelo Ministério da Fazenda.

A autoridade monetária também afirmou que a inflação recuou nos últimos três meses, mas em ritmo menor que o projetado em seu cenário de referência, com uma surpresa de 0,14 ponto percentual para cima, principalmente pela alta de alimentos.

O BC destacou que a desancoragem das expectativas de inflação aumentou, apontando também elevação em suas próprias projeções para a evolução dos preços.

Após a divulgação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (27) que alta de juros não é o cenário de referência trabalhado hoje pela autoridade monetária.

Segundo o chefe da instituição, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC optou por deixar seus próximos passos em aberto, mas se manterá vigilante.

O relatório mostrou ainda que a projeção do BC para o déficit em transações correntes do Brasil em 2024 passou de US$ 48 bilhões para US$ 53 bilhões. Ao mesmo tempo, o BC reduziu de US$ 70 bilhões para US$ 65 bilhões a projeção de IDP (Investimentos Diretos no País). Assim, apesar da piora nas expectativas, o IDP continua cobrindo o déficit em transações projetado.

Na quarta-feira, o dólar teve alta de 1,16% e fechou cotado a R$ 5,518, em seu maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022, numa sessão de avanço generalizado da moeda americana ante outras divisas no exterior. O movimento foi acelerado por falas de Lula sobre a situação fiscal do Brasil.

O presidente colocou em dúvida a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. O mandatário afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento da arrecadação.

"O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação", afirmou o presidente em entrevista ao UOL.

Lula ainda acrescentou que seu governo está fazendo uma análise sobre se está havendo "gasto exagerado", mas que isso está sendo feito "sem levar em conta nervosismos do mercado".

A situação também pressionou a Bolsa brasileira durante boa parte do dia, mas o Ibovespa engatou alta e garantiu uma sessão positiva no pregão, fechando com avanço de 0,25%, aos 122.641 pontos.


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