Brasil cria 431,9 mil novas vagas formais em fevereiro, recorde desde janeiro de 2020
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O mercado de trabalho formal no Brasil gerou 431,9 mil vagas em fevereiro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta sexta (28) pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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O saldo entre contratações e demissões no segundo mês do ano foi o melhor resultado mensal na série histórica do novo Caged, iniciada em 2020, quando as estatísticas passaram a considerar os dados do eSocial, o sistema de escrituração de informações trabalhistas e previdenciárias.
O resultado é também maior do que o registrado em fevereiro de 2024, quando o saldo entre demitidos e contratado ficou em 306,8 mil postos de trabalho criados. Também ficou acima da mediana de 227,5 mil novas vagas previstas por analistas ouvidos pela agência Bloomberg.
Neste ano, foram registradas 2,579 milhões de admissões e 2,147 milhões de desligamentos de trabalhadores formais em fevereiro. No acumulado do ano, considerando janeiro e fevereiro, o saldo de vagas criadas ficou 576 mil, superior o registrado no mesmo período em 2024, 480,7 mil posições.
O ministro Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, disse durante a apresentação dos dados que ainda era difícil dizer se há um tendência de crescimento, mas que "torce para que seja".
Marinho disse que a geração recorde de vagas formais reflete políticas construídas nos últimos dois pelo governo para estimular a reindustrialização, a transição energética, a produção de combustíveis sustentáveis e citou o setor automotivo como um dos que anunciou investimentos no Brasil.
O titular do Trabalho e Emprego também descartou que o aquecimento do mercado formal de trabalho possa atrapalhar as tentativas do Banco Central de controlar o avanço da inflação por meio de juros altos.
"Eu espero que a economia continue aquecida, afinal de contas tem muito gente no subemprego ou desempregada", afirmou. O ministro disse que sua "cadeira é a de mais emprego" e defendeu que o Brasil precisa de um pacto por mais produtividade.
Pela manhã, o economista Rodolfo Margato, da XP, já considerava que o saldo de vagas em fevereiro passaria das 400 mil, confirmado a resiliência do emprego formal. Também nesta sexta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou ter registrado alta na população ocupada. Para Margato, com menos informais e rendimento do trabalho maior, consumo e demanda doméstica seguirão estimulados, mantendo a inflação de serviços pressionada no curto prazo.
Os cinco grandes setores tiveram resultados positivos em fevereiro. O setor de serviços concentrou boa parte da geração de vagas no mês, com 254,8 mil postos de trabalho. Na indústria, o saldo ficou em 69,8 mil empregos formais.
Para Marinho, o resultado do emprego na indústria é uma sinalização de crescimento saudável e de confiança na economia. "Há um processo importante de crescimento e geração de emprego. Nós não queremos um país que se sustente no Bolsa Família, ele é um colchão transitório."
No setores, o resultado de fevereiro foi de 46,5 mil vagas no comércio, de 40,8 mil na construção civil, e de 19,8 mil na agricultura e pecuária.
O ministro Luiz Marinho não descarta que o resultado tenha sido influenciado por um número maior de dias úteis, uma vez que o Carnaval foi em março. As festividades carnavalescas poderão, na avaliação dele, conter o resultado do emprego formal deste mês, que poderá "não ser tão vultuoso", disse.
No balanço por estados, somente Alagoas fechou fevereiro com saldo negativo de 5,4 mil postos de trabalho eliminados. Todos os demais registraram mais contratações do que demissões.
Do total de vagas com carteira assinada abertas em fevereiro, a maioria foi ocupada por mulheres. Segundo os dados do Caged, essas trabalhadoras ocuparam 229,1 mil empregos.
O salário médio real na contratação, em fevereiro, foi de R$ 2.205,25, abaixo dos R$ 2.284,65 do mês anterior. Na demissão, o valor médio real foi de R$ 2.300,63, um pouco acima dos R$ 2,298,53 em janeiro.
Com o resultado de fevereiro, o emprego formal no Brasil chegou a um total de 47,7 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o maior volume acumulado desde janeiro de 2020.

ASSUNTOS: Economia