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Construtoras procuram atrativos para compensar atrasos da linha 6-laranja

Por Folha de São Paulo

31/08/2024 10h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o atraso nas obras da linha 6-laranja, construtoras que têm investimentos na região tentam atrair compradores com vantagens para além da proximidade do metrô. A abertura do eixo, prevista para 2025, pode atrasar até três anos.

Saindo da zona norte, a linha passa por Perdizes, Higienópolis, Pacaembu, Pompeia e Bela Vista, bairros que concentram interesse das classes média e alta na cidade.

A proximidade de uma estação seria apenas um atrativo "a mais". "Nunca contamos com isso [a estação de metrô]", disse Lucas Araújo, diretor de inteligência de mercado e marketing da Trisul, que investe em obras na região de Perdizes, ao lado do que será a estação PUC-Cardoso de Almeida da linha laranja. O The Collection Perdizes terá unidades estúdio e com um dormitório.

Apesar de considerar o metrô como um extra, o material publicitário da construtora no site cita a mobilidade como um dos principais atributos do imóvel. O site não cita, entretanto, o nome da estação, que ficará a 450 metros de distância do edifício. O prédio não contará com garagem para carros.

A entrega dos apartamentos do Collection Perdizes está prevista para julho de 2025, o que coincidiria com o prazo inicial previsto para entrega das estações. "Estamos no Brasil, sabemos que pode atrasar dois ou cinco anos. A gente não conta com o pessoal das obras públicas para dar certo", disse Araújo.

A construtora Vinx investe nos arredores da futura estação 14 Bis, na Bela Vista. O Connect Paulista terá estúdios e apartamentos com um dormitório. O principal benefício é a vizinha avenida Paulista.

Como atrativo de mobilidade, a construtora divulga a proximidade com as estações Trianon-Masp, a 1,1 km do empreendimento, e Consolação, a 1,2 km —ao invés da 14 Bis, que está em obras a 200 metros da construção.

Ronaldo Santoro, diretor comercial da Vinx, destaca como atrativo a proximidade do edifício aos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho. Segundo ele, esses são os principais chamarizes, e a construção dos apartamentos não tem ligação com a linha laranja.

Além de Trisul e Vinx, construtoras como a Cury, a Vivaz e a Conx também investem nos arredores de futuras estações do ramal. A revisão do Plano Diretor de São Paulo, executada em 2023, impulsionou a construção de moradias perto de eixos centrais de transporte público.

Na nova versão, o raio que permite a construção de prédios mais altos pode alcançar até 700 metros de estações de metrô e trens. As chamadas ZEUs (Zonas de Eixo de Estruturação da Transformação Urbana) incentivam a construção de prédios residenciais sem limitação de andares no entorno desses eixos.

Segundo o diretor da Trisul, os arredores da linha laranja são visados desde que o traçado do ramal foi divulgado, em meados de 2016, e o Plano Diretor estabelecido, em 2014.

A intenção do zoneamento é concentrar mais moradias perto de transportes públicos, enquanto preserva áreas predominantemente residenciais.

Críticos à legislação apontam que o incentivo à verticalização nos arredores de estações pode encarecer os imóveis e isolar pessoas com menores rendas na periferia.


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