Controladora quer vender rede Oxxo, governo quer acabar com desconto de imposto e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Controladora quer vender rede Oxxo, governo quer acabar com desconto de imposto que beneficia celebridades e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (25).
**QUEM QUER O OXXO?**
A rede de minimercados Oxxo completa quatro anos no Brasil em 1º dezembro. Após forte expansão da marca no país, a Raízen, uma de suas controladoras, pensa em vender sua parte da operação.
A Raízen é uma joint-venture: quando duas ou mais empresas se juntam para tocar um projeto em conjunto. Neste caso, a companhia é uma junção da anglo-holandesa Shell e da brasileira Cosan, se unindo para investir sobretudo em biocombustíveis.
Produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, geração de energia solar e produção de biogás e bioenergia estão entre as atividades que exercem.
A operação da rede de supermercados é um ponto fora da curva na companhia.
Agora, pense em uma boneca russa: a marca de supermercados é controlada por uma joint-venture dentro da Raízen (que é uma joint-venture). O Grupo Nós, parceria que comanda os minimercados, nasce da união entre a Raízen e a Femsa, que é a responsável pela criação dos mercados Oxxo, no México, há 45 anos.
Na virada para os anos 2000, o negócio decolou: em 22 anos, 800 lojas viraram 21 mil.
Os mercadinhos surgiram para escoar a produção de bebidas da empresa mexicana, que representa a Coca-Cola no país.
ANIVERSÁRIO
O primeiro Oxxo foi aberto no Brasil em 1 de dezembro de 2020. Hoje, a operação conta com mais de 500 lojas em São Paulo, e algumas espalhadas no interior e litoral do estado.
No início, a ideia era testar na capital paulista, e então expandir para cidades como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
RECALCULANDO A ROTA
Para aumentar o caixa para novos investimentos e reduzir a alavancagem da Cosan ou seja, pagar dívidas feitas para novos investimentos, a Raízen estuda vender algumas partes da sua operação, segundo a Bloomberg.
A empresa negocia repassar para fundos de investimento a participação em suas usinas de etanol de segunda geração (explicamos o que é aqui), além da sua parte da operação da Oxxo.
INSEGURANÇA E HATERS
Os Oxxos foram alvos de roubos e pequenos furtos às lojas nas madrugadas, quando elas operam com um único funcionário no caixa. Os casos levaram a empresa a rever a estratégia de manter todos os seus mercados abertos por 24 horas.
Há quem torça o nariz para a expansão da marca e os efeitos dela na paisagem paulistana. A rede adquiriu muitos pequenos negócios e área em terreos de prédios. O vereador eleito Nabil Bonduki (PT) chegou a afirmar que criaria medidas anti-Oxxo durante a campanha.
**FESTA DO PERSE**
A pandemia acabou, mas um programa criado no ápice dela segue dando benefícios para empresas e artistas e está na mira da Fazenda, que tenta fechar as contas de 2024.
ENTENDA
O Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, Perse, surgiu em 2021 para socorrer restaurantes, empresas de eventos e hotelaria no período em que tiveram suas atividades limitadas.
A medida isentava empresas de 42 categorias de atividades econômicas de tributos como Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS e Cofins.
CALÇADA DA FAMA
A pandemia acabou, e muitos artistas e influenciadores continuam usufruindo de seus benefícios. A maioria tem empresas cadastradas na categoria empresas de agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas.
Abaixo, veja os artistas e influenciadores que deixaram de pagar impostos com o Perse:
1 - Gusttavo Lima: R$ 18,8 milhões
2 - Felipe Neto: R$ 14,3 milhões
3 - Ana Castela: R$ 9,4 milhões
4 - Virgínia Fonseca: R$ 7,2 milhões
5 - Simone Mendes: R$ 8,8 milhões
6 - Ludmilla: R$ 5,7 milhões
7 - Sabrina Sato: R$ 4,18 milhões
8 - Rodrigo Faro: R$ 2,4 milhões
9 - Giovanna Ewbank: R$ 901 mil
10 - Marina Ruy Barbosa: R$ 682 mil
Acabou-se o que era doce? Com a retomada das atividades desses setores, a isenção perde o sentido, segundo o Ministério da Fazenda. Tirar o benefício, porém, tem sido um desafio para a pasta.
Em abril, o ministro Fernando Haddad conseguiu reduzir a lista de categorias elegíveis de 42 para 29. A ideia era chegar em 12.
O programa foi prorrogado até 2026 e tem um teto de R$ 15 bilhões.
Não agradou. A redução do escopo do programa, motivada sobretudo pelo desejo do governo em aumentar suas receitas, desagradou empresas que usufruíram das categorias excluídas do programa neste ano.
Quem são elas: Uber, iFood e 99taxi acionaram a Justiça pedindo a continuidade da redução fiscal. Elas argumentam que o programa tinha um prazo de 30 meses, e não podia ser alterado no período.
**SALMÃO NÃO DÁ EM ÁRVORE**
O salmão que você comeu na sua última visita a um rodízio de comida japonesa provavelmente foi criado em cativeiro. Afinal, a natureza sozinha não dá conta da demanda pelo peixe que figura na lista dos mais consumidos do mundo.
US$ 33,5 bilhões (R$ 192,85 bilhões) é quanto deve valer o mercado de salmão global ao fim de 2024, segundo o consultoria Mordor Intelligence;
8,07% ao ano é quanto o consumo mundial deve crescer até 2029.
IMPORTADO
Não há produção do salmão para venda aqui o peixe é uma espécie nativa de águas frias, presentes na Islândia e na Noruega, por exemplo.
Uma das maiores fazendas de produção do peixe da Austrália pertence à JBS a empresa dos irmãos Batista que controla a Friboi, a Seara, a Swift e outras do ramo alimentício. Ela se chama Huon Aquaculture.
Em julho, a JBS anunciou que investirá o equivalente a R$ 419 milhões na produção a partir do ano que vem a expectativa é dobrar a capacidade.
QUEM MAIS PRODUZ?
O Chile, a Escócia, a Irlanda, a Noruega, os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália.
Quanto mais rodízios, melhor. Tem gente de olho no mercado brasileiro. Isso porque o país come cada vez mais salmão e o Chile já entendeu isso.
Cerca de 10% da produção chilena vem direto para cá. É o terceiro maior consumidor da produção do país, atrás de EUA e Japão.
Há 12 anos, a Salmón de Chile, exportadora do produto, conduz uma campanha de marketing agressiva voltada aos brasileiros. A ideia é associar (mais) o peixe a uma alimentação saudável e um paladar refinado.
MAS...
Natureza não é indústria. O consumo excessivo de algo natural gera impacto ambiental. O aumento dos criatórios causa o espalhamento de doenças e poluição no ambiente marinho.
Os produtores administram cada vez mais antibióticos. Somente em 2023, foram usadas 339 toneladas, diz Liesbeth Van Der Meer, doutora em medicina veterinária e vice-presidente da ONG Oceana.
Em alguns pontos, a água já não tem oxigênio, está morta, completa.
A fuga dos animais também é uma preocupação. Caso muitos indivíduos escapem da fazenda e fiquem livres no oceano, podem se reproduzir e predar espécies locais, danificando o ecossistema.
↳ Noruega, Islândia, Austrália e Chile já registraram problemas ambientais causados pela produção de salmão em cativeiro.
[+] Sobre os danos à natureza causados pelo consumo excessivo de salmão: a Netflix lançou o documentário Ilha de peixe grande, que retrata as questões ambientais da produção na natureza.
QUAIS AS DIFERENÇAS?
São poucas. Em comparação, o sabor do salmão selvagem é mais intenso e sua carne, mais nutritiva.
O peixe selvagem virou artigo de luxo. Sua carne tem cores mais suaves, um pouco menos laranja e um pouco mais rosa do que o que estamos acostumados a ver.
**REALIDADE FAKE**
Está chegando o final do ano, e com isto, as tradicionais propagandas de Natal da Coca-Cola.
O primeiro comercial da temporada confundiu o público: um slogan que defende "a vida real" estampou um comercial feito com inteligência artificial generativa.
"The real thing"...é um dos lemas da Coca-Cola nos Estados Unidos. Ele significa algo como "o verdadeiro", e faz referência ao fato de ser o refrigerante original de Coca.
Neste comercial, o lema que aparece no final é "real magic", magia real.
Mas...um aviso no canto inferior esquerdo da tela indica que o comercial foi feito usando um programa de inteligência artificial generativa.
REAÇÃO IMEDIATA
A internet não tardou a reparar na contradição. A maior parte das críticas contrapunha a nostalgia típica das propagandas de Natal e a artificialidade em algo produzido somente por máquinas.
"A Coca-Cola acabou de lançar um anuncio e estragou o Natal", disse um dos críticos à campanha no Tik Tok.
Indústria da criatividade. A preocupação de artistas é ver seu ofício ameaçado pela tecnologia. Quanto mais marcas grandes aderem ao uso de IA em detrimento de contratar pessoas que façam as artes, menos valorizada é a profissão.
Alex Hirsch, animador e criador do desenho "Gravity Falls" disse que o vermelho característico da marca representa o "sangue dos artistas desempregados".
COCA SE DEFENDE
Em nota, a empresa disse que "sempre permanecerá dedicada a criar o mais alto nível de trabalho na interseção da criatividade humana e tecnologia".
Em uma entrevista, Pratik Thakar, vice-presidente da Coca e chefe global de I.A. da empresa, citou as vantagens orçamentárias de usar computadores ao invés de pessoas no projeto.
FUTURO CHEGOU?
O caso coloca em perspectiva o papel que a IA vai assumir nas grandes empresas, e onde ficarão as pessoas.
Outras companhias já sofreram retaliações semelhantes, como a Toys "R" Us, gigante dos brinquedos nos EUA.
Em junho, criou uma propaganda para crianças usando IA, que suscitou as mesmas críticas.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
ECONOMIA
Países precisam se preparar para choques com mais prudência em seus orçamentos, diz chefe do FMI. Kristalina Georgieva vê combinação de dívida elevada e baixo crescimento como alerta para economia global no médio prazo.
MERCADO
Após Carrefour, rede de supermercados francesa Intermarché suspende venda de carnes brasileiras. O grupo Les Mousquetaires incentiva outras empresas a aderirem ao boicote.
VEÍCULOS
Por que o entusiasmo por carros híbridos não vai durar. Veículos totalmente elétricos vencerão a corrida, preveem consultorias.
INFLAÇÃO
Inflação fica maior para mais pobres com pressão de alimentos. Itens consumidos por famílias de renda muito baixa têm alta de 4,99%, diz Ipea.
ASSUNTOS: Economia