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Dependemos do que o Haddad está propondo para o gasto público, diz CEO do Bradesco

Por Folha de São Paulo

31/10/2024 11h45 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha diz esperar que o governo Lula consiga reduzir despesas, colocando mais gastos sob o guarda-chuva do arcabouço fiscal.

"Hoje, [para a avaliação do cenário macroeconômico] dependemos um pouco daquilo que efetivamente veremos de medida de gasto público, que o ministro [Fernando] Haddad está se propondo a fazer. Vamos ver como é que o mercado vai reagir em relação a isso", disse Noronha a jornalistas, durante entrevista sobre o balanço do banco do terceiro trimestre deste ano nesta quinta-feira (31).

Segundo reportagem da Folha, a equipe econômica do governo federal avalia criar um limite global para as despesas obrigatórias, que seguiria o mesmo índice de correção do arcabouço fiscal, com expansão de até 2,5% acima da inflação ao ano.

Caso os gastos obrigatórios avancem acima desse patamar, gatilhos de contenção seriam acionados para ajudar a manter a trajetória de despesas sob controle. A mudança dependeria da aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição).

Na quarta (30), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que parte das medidas "invariavelmente" precisará de PEC, mas não deu detalhes.

"Estamos aguardando as medidas governamentais. Se sair aquilo que foi publicado, inclusive, por veículos, como vocês publicaram, do Haddad colocando mais despesas embaixo do arcabouço, eu acredito que é uma boa medida", completou Noronha.

A preocupação do banco é em relação ao impacto do risco fiscal no câmbio, já que a valorização do dólar pode levar a uma inflação mais alta que, por sua vez, requer juros maiores. Este cenário pode acarretar aumento na inadimplência e impactar negativamente o resultado do banco.

"Temos dois cenários, um cenário de estresse um pouco maior, que é menos provável na nossa visão, mas mesmo assim para o qual estamos muito seguros. E um cenário em que o câmbio fica um pouquinho mais apreciado, com o nível de desemprego hoje, de 6,7%, crescimento real da renda, de mais de 6% neste ano. Por isso, [o cenário] está bom na pessoa física. Estamos capturando em linhas seguras", disse Noronha.

O presidente do banco disse que espera um aumento de desemprego de 8% no próximo ano, o que poderia bater na inadimplência, mas não é o cenário esperado.

"Com esse nível de desemprego, estamos com um cenário relativamente seguro. Continuo otimista naquilo que vamos entregar. E, se chegar no cenário de muito estresse, podemos puxar o freio de mão. Estamos com uma carteira de crédito super segura", afirmou o CEO.

Noronha também comentou a percepção de Haddad de que há um certo pessimismo no mercado financeiro sobre a trajetória fiscal.

"Concordo que há alguns agentes econômicos com esse olhar mais pessimista. O mercado bancário está mais otimista, senão a gente não tinha visto esse crescimento de 9,9% na carteira de crédito, que o Banco Central demonstrou ontem, com o crédito a pessoa física crescendo mais", disse o executivo.

Na quarta (30), o BC divulgou que o saldo das operações de crédito no Brasil foi a R$ 6,2 trilhões em setembro, uma alta anual de 9,9%.

RAIO-X | BRADESCO NO 3º TRI DE 2024

Fundação: 1943, em Marília (SP)

Lucro líquido recorrente: R$ 5,2 bilhões

Funcionários: 84 mil

Agências bancárias: 2.355

Clientes: 72,9 milhões


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