Dólar abre em leve alta nesta quinta seguindo tendência pelo mundo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em leve alta nesta quinta-feira (21), refletindo o que está ocorrendo em outros mercados pelo mundo, com a valorização da moeda norte-americana.
Os investidores voltam a demonstrar aversão ao risco em meio à escalada das tensões entre Ucrânia e Rússia, enquanto o mercado aguarda o anúncio de medidas fiscais pelo governo brasileiro.
Às 9h03, o dólar subia 0,14%, cotado a R$ 5,7842. Na terça-feira (19), a divisa fechou com alta de 0,31%, cotado a R$ 5,766, diante da ameaça de Putin de usar armas nucleares contra os EUA. Já a Bolsa terminou a sessão do dia com variação positiva de 0,33%, a 128.197 pontos, segundo dados da plataforma CMA.
O feriado do Dia da Consciência Negra manteve o mercado brasileiro fechado nesta quarta-feira (20), enquanto as operações ocorreram normalmente no exterior.
Keone Kojin, economista da Valor Investimentos, afirmou que a alta do dólar refletiu uma aversão ao risco movimento conhecido como "flight to safety".
Esse comportamento ocorre em um momento de escalada das tensões geopolíticas, com os Estados Unidos autorizando a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance.
Os mísseis podem chegar a 300 km de distância e atingir boa parte da Rússia europeia, segundo relatos não negados pela Casa Branca e amplamente comentados por seus aliados na Europa. Até então, o uso só podia ocorrer em áreas fronteiriças.
Em resposta, o governo de Vladimir Putin ameaçou considerar o uso de armas nucleares, intensificando as incertezas sobre os desdobramentos do conflito.
A escalada das tensões teve reflexos no principal índice de ações da Europa, que atingiu seu nível mais baixo em três meses, nesta terça.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,45%, a 500,60 pontos, depois de recuar 1% mais cedo na sessão e atingir seu ponto mais baixo desde 8 de agosto. Ele registrou o terceiro dia consecutivo de perdas.
Segundo Kojin, essa nova tensão também preocupou investidores brasileiros, que temem uma guerra prolongada e suas possíveis consequências econômicas.
"O dólar abriu em alta principalmente por conta dessa preocupação com o risco global. É um movimento típico em momentos de incerteza extrema", explicou.
"Este novo protocolo nuclear da Rússia mexeu com o mercado", afirmou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. "Muitos agentes também se protegeram na moeda norte-americana com o feriado, ainda mais porque ainda esperam pela divulgação do pacote fiscal do governo", acrescentou.
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a expectativa pelo anúncio de corte de gastos manteve os índices da Bolsa brasileira e do dólar em alta.
"O mercado está reagindo de forma leve e positiva, mesmo com a notícia da postergação do anúncio do pacote de gastos", afirmou.
Segundo Moliterno, o mercado interpreta essa postergação como uma oportunidade para ajustes necessários, indicando que o governo pretende apresentar um pacote bem estruturado, sem margens para dúvidas, garantindo sua eficácia.
"A expectativa é que o pacote seja sólido e atenda às demandas do mercado", disse.
A economia é estimada por integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2025. Já em 2026, o alívio é calculado em R$ 40 bilhões, totalizando um corte de R$ 70 bilhões.
Investidores esperam que o pacote fiscal seja anunciado nesta quinta, pós-feriado e com o término do encontro do G20, no Rio de Janeiro, na última terça.
As taxas de juros dos contratos de DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento a partir de 2026 registraram queda nesta terça, de 13,316% para 13,22% , enquanto o mercado aguardava o pacote de medidas fiscais.
A redução reflete a expectativa de que as propostas do governo possam indicar maior controle dos gastos públicos no longo prazo, o que pode reduzir a necessidade de juros elevados no futuro.
"Temos no Brasil um movimento minimamente mais propenso ao risco. O rumor de que a apresentação do pacote fiscal pelo governo poderá atrasar ainda mais sequer conseguiu piorar o humor", comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Já os contratos de curto prazo, como o DI para janeiro de 2025, subira de 11,443% para 11,456% , em linha com a expectativa de que o Banco Central deve elevar a taxa básica de juros (Selic) em dezembro.
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