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Dólar abre em leve queda a semana com 'Super Quarta' de definição de juros no Brasil e nos EUA

Por Folha de São Paulo

16/09/2024 10h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em leve queda nesta segunda-feira (16) com os investidores à espera da "Super Quarta" com as decisões sobre a taxa de juros no Brasil e nos Estados Unidos no dia 18.

Às 9h04, a divisa norte-americana desvalorizava 0,16%, cotada a R$ 5,5585. Na sexta-feira (13), o dólar fechou em queda firme de 0,90%, a R$ 5,566, e a Bolsa avançou teve alta de 0,63%, aos 134.881 pontos.

A expectativa é oposta nos dois países. No Brasil, economistas esperam que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central eleve a Selic para 10,75%, um aumento de 0,25 ponto percentual. Já nos EUA, a expectativa é de corte na taxa, mas a discussão é sobre o tamanho desta diminuição: 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto percentual.

Se até quinta-feira passada as apostas majoritárias eram de uma redução de 0,25 ponto percentual, diante de dados de inflação acima do esperado e números benignos no mercado de trabalho, na sexta-feira o cenário mudou de figura.

Após uma declaração de Bill Dudley, ex-presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) de Nova York, de que há fortes argumentos para um corte maior e veículos de imprensa chamarem a decisão de "apertada", operadores passaram a colocar a possibilidade de uma redução de 0,50 ponto percentual no páreo.

Agora, o afrouxamento de menor intensidade reúne 51% dos agentes financeiros, enquanto o de maior tem 49% de probabilidade, segundo a ferramenta FedWatch.

Desde que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a hora de reduzir os juros havia chegado, a dúvida sobre o ritmo dos cortes ditou o comportamento dos mercados. A taxa americana está na faixa de 5,25% e 5,50% desde julho do ano passado --o patamar mais restritivo em duas décadas. Qualquer corte nesta reunião será o primeiro do banco central em mais de quatro anos.

O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e trabalho para decidir sobre os juros. O objetivo é atingir o chamado "pouso suave", quando índices inflacionários convergem para a meta sem maiores danos à empregabilidade do país.

Um corte de 0,50 ponto permitiria ao Fed retornar os custos de empréstimos a níveis normais mais rapidamente, removendo restrições à economia e protegendo o mercado de trabalho de mais fraqueza.

Por outro lado, poderia gerar interpretações de que o banco central está preocupado com uma desaceleração mais acentuada da economia, levando o mercados financeiro a precificar uma redução mais dramática nas taxas a partir do corte desta semana.

"Pode-se argumentar por 0,50 ponto, mas as comunicações em torno disso são complicadas e não há uma razão convincente para assumir esse desafio", disse Loretta Mester, que se aposentou como presidente do Fed de Cleveland em junho.

O dólar costuma se depreciar à medida que os juros nos Estados Unidos caem, conforme o rendimento dos ativos ligados à renda fixa americana se depreciam. Isso costuma levar operadores a investimentos de maior risco, como moedas emergentes e mercados acionários, pela possibilidade de rentabilidade maior.

Para o real, outro fator de relevância ainda entrou na conta: a discussão em torno da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) também se reúne nesta semana, nas mesmas datas que a autoridade dos EUA, para bater o martelo sobre os juros domésticos.

Na reunião de julho, os dirigentes optaram por manter a taxa no atual patamar pela segunda vez consecutiva, e, desde então, têm reiterado que um novo ciclo de aperto está à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, caso os dados macroeconômicos indiquem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

O mercado financeiro dá como certo que a Selic terá uma nova alta nesta reunião, em 0,25 ponto percentual. Dados indicam que a economia brasileira está aquecida e resiliente, o que tende a se traduzir em pressões inflacionárias nos meses seguintes.

As projeções de alta não arrefeceram nem mesmo com a leitura de agosto do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, que mostrou que a inflação teve queda de 0,02% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, passou a registrar alta menor, de 4,24% --uma desaceleração dos 4,5% de julho, o teto da meta do BC.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de "carry trade" --isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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