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Dólar abre em queda e fica abaixo de R$ 5,70 em dia de recuperação das Bolsas

Por Folha de São Paulo

06/08/2024 9h45 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em queda nesta terça-feira (6) e começou o dia abaixo de R$ 5,70, com os investidores demonstrando mais cautela após a enorme aversão ao risco que marcou a segunda-feira (5).

Às 9h04, o dólar caía 0,85% e estava cotado a R$ 5,6928. Na segunda-feira, o dólar fechou em alta de 0,53%, aos R$ 5,739, e a Bolsa perdeu 0,46%, aos 125.269 pontos. O dia foi marcado por temores de recessão na economia dos Estados Unidos, considerada a mais segura do mundo.

Bolsas globais derreteram com a fuga de investimentos considerados de risco, como é o caso de mercados acionários e emergentes. O principal índice do Japão, na segunda-feira, chegou a perder mais de 12% e teve o mecanismo de "circuit breaker" —uma espécie de "disjuntor" que trava negociações em meio a grandes flutuações— acionado ao longo do pregão.

Porém, nesta terça-feira, a Bolsa japonesa se recuperou e fechou em forte alta de 10,23%. A performance se refletiu em outros mercados asiáticos com o índice Kospi, da Coreia do Sul, fechando em alta de 3,3% nesta terça. O índice de ações de Taiwan, que teve sua pior venda da história na segunda-feira, se recuperou e valorizou 3,38%.

Já na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias em Xangai e Shenzhen, fechou praticamente estável com uma queda de 0,01%. Em Xangai, a Bolsa subiu 0,23%.

Os temores de contração da maior economia do mundo ganharam força na sexta-feira, após a divulgação de dados de mercado de trabalho vierem abaixo do esperado.

O "payroll" (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.

Os novos dados acionaram a chamada Regra de Sahm, que vincula o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 ponto percentual acima da mínima de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.

O derretimento no Brasil, porém, foi contido pela disparada do Bradesco na Bolsa e por dados de atividade do setor de serviços dos EUA.

O PMI (índice de gerente de compras, na sigla em inglês) mostrou que o setor se recuperou mais do que o esperado para o mês de julho, a 51,4. A expectativa era de que o índice subiria para 51, após marcar 48,8 em junho, o nível mais baixo desde maio de 2020. Uma leitura acima de 50 indica crescimento da atividade.

"Houve uma grande liquidação de ações, com a Bolsa do Japão mergulhando e as dos EUA também. Mas ao longo do dia foi melhorando", comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.

"O PMI norte-americano contribuiu para isso, diluindo o receio de que haverá um pouso forçado da economia."

Os novos dados colocaram ainda mais expectativa pela próxima reunião de política monetária do Fed Federal Reserve, o banco central dos EUA), que, na última quarta-feira (31), optou por manter os juros na taxa de 5,25% e 5,50%.

A decisão já era amplamente esperada, mas o comunicado que a sucedeu deu fôlego à tese de que a autarquia poderá iniciar o ciclo de afrouxamento monetário já no próximo encontro, em setembro. Agora, trata-se de uma aposta unânime entre os agentes financeiros.

Se antes a dúvida era sobre a possibilidade de corte, agora a discussão é sobre a magnitude. Alguns dos grandes bancos de Wall Street, como JPMorgan e Citigroup, revisaram as previsões para o ano, antevendo, agora, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros na próxima reunião.

É o que também aparece na ferramenta CME FedWatch, que colhe estimativas de investidores sobre a política monetária norte-americana: 85,5% deles estimam que os juros irão cair em 0,5 p.p, enquanto os 14,5% restantes esperam 0,25.

No atual patamar desde julho de 2023, a taxa de referência é a mais alta em mais de duas décadas. Para alguns investidores, a percepção é de que o Fed talvez tenha esperado tempo demais para iniciar o ciclo de afrouxamento.

"O Fed pode ter dormido no ponto. Em especial na figura do presidente Jerome Powell, a autarquia foi mais 'dovish' no começo do ano, momento em que os dados de inflação estavam vindo estranhamente elevados. Nestas últimas semanas, quando os dados começaram a vir de forma mais moderada, o Fed tentou consertar a rota vindo um pouco mais 'hawkish' do que o necessário", diz César Garritano, economista-chefe da SOMMA Investimentos.

O termo "dovish" se refere a uma postura mais suave dos bancos centrais em relação a juros, normalmente indicando uma disposição maior para cortes. "Hawkish" é o contrário: demonstra um tom mais agressivo, com sinalizações de manutenção em patamares altos e até de maiores contrações.

Na análise de Garritano, o Fed foi "agressivo quando era para ser suave, e suave quando era para ser agressivo".


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