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Dólar cai e Bolsa sobe, com efeitos da desistência de Biden em foco

Por Folha de São Paulo

22/07/2024 10h15 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em queda nesta segunda-feira (22), à medida que a decisão de Joe Biden de desistir da corrida pela reeleição nos Estados Unidos era digerida pelos investidores.

Às 10h15, a moeda norte-americana caía 0,68%, cotada a R$ 5,567 na venda. Já a Bolsa tinha leve alta de 0,13%, aos 127.780 pontos.

O presidente dos EUA anunciou, no domingo, que não seria mais candidato nas eleições que acontecem em novembro.

Ele não resistiu à intensa pressão interna do Partido Democrata pela sua saída, que começou após o desastroso desempenho no debate realizado no fim de junho e não arrefeceu mesmo após várias tentativas do presidente de assegurar apoiadores e eleitores de que tinha condições de derrotar Donald Trump.

O anúncio foi feito por meio de uma carta publicada nas redes sociais do presidente. Biden disse que vai explicar melhor sua decisão em um pronunciamento nesta semana. O presidente, em seguida, endossou sua vice, Kamala Harris, para ser a candidata democrata na eleição de novembro.

"Acredito que é o melhor para o meu partido e para o meu país que eu desista e me concentre apenas em completar meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato", afirmou o democrata.

A perspectiva de um novo mandato de Trump na Presidência dos EUA havia afetado o apetite por risco em mercados emergentes. Temores de uma política comercial restritiva e uma política externa isolacionista geraram pressão em uma série de moedas, incluindo o real, à medida que se elevava os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os Treasuries.

O rendimento do Treasury de dez anos —referência global para decisões de investimento— caía 2 pontos-base nesta segunda-feira, a 4,217%.

Nesta sessão, na esteira do anúncio de Biden, as moedas emergentes retomavam os ganhos frente ao dólar, com a divisa norte-americana apresentando quedas ligeiras contra o peso mexicano e o rand sul-africano.

"A desistência de Biden é uma ótima notícia para os mercados, já que a volta dos doadores do Partido Democrata faz com que a vitória de Trump seja mais incerta. Com o 'Trump trade' sendo desfeito hoje, o dólar e as Treasuries estão cedendo", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

A expressão Trump Trade diz respeito a ativos financeiros que seriam afetados diretamente em caso de vitória do republicano, como Treasuries e criptomoedas.

No cenário nacional, o mercado aguarda a divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, às 15h30, onde o governo vai detalhar o contigenciamento de R$ 15 bilhões no Orçamento anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.

O chefe da ala econômica do governo anunciou bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões no Orçamento deste ano, após reunião entre ministros que integram a JEO (Junta de Execução Orçamentária) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governo já havia anunciado um corte de R$ 25,9 bilhões para 2025 e deixou aberta a possibilidade de antecipar mais bloqueios para 2024.

A nova contenção vem na esteira de dias de turbulência nos mercados, com agentes econômicos cautelosos quanto ao compromisso fiscal do governo.

Segundo o ministro, o anúncio foi para "evitar especulação".

"O anúncio foi positivo: mostra o início de uma sinalização de comprometimento com o arcabouço, mas não sei se vai ser suficiente. A gente precisa entender mais com a divulgação do Relatório", afirmou a estrategista de renda variável Mônica Araújo, da InvestSmart.

Na sexta-feira (19), o dólar fechou em alta de 0,30%, cotado a R$ 5,604, em sessão marcada pelo apagão cibernético que afetou operações de diversos setores ao redor do mundo, como bancos, companhias aéreas, emissoras de TV, entre outros.

Na Bolsa brasileira, o movimento foi semelhante: após começar a sexta-feira no positivo, o Ibovespa fechou com queda marginal de 0,03%, aos 127.616 pontos.

A pane tecnológica foi causada por uma atualização defeituosa de um produto da CrowdStrike, empresa de segurança cibernética, e afetou clientes que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft.

O incidente ajudou a impulsionar o dólar ante a moedas de países emergentes —e minou a reação positiva do mercado ao anúncio de Haddad.

Na semana, o dólar acumulou alta de 3,18%; a Bolsa, perda de 0,96%.


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