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Dólar cai e Bolsa ultrapassa máxima histórica com força de dados econômicos dos EUA

Por Folha de São Paulo

15/08/2024 13h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar recuava nesta quinta-feira (15), conforme dados sobre a atividade dos Estados Unidos mostravam uma economia mais forte do que o esperado e continuavam a afastar temores de recessão.

Por volta das 12h51, a moeda norte-americana caía 0,17%, cotada a R$ 5,460 na venda.

Já a Bolsa brasileira avançava 0,79%, aos 134.372 pontos, ultrapassando a máxima histórica de 134.193 pontos registrada no fechamento de 27 de dezembro do ano passado.

Novos números vindos dos Estados Unidos continuavam a pintar o cenário da maior economia do mundo para os investidores.

Os pedidos de auxílio-desemprego, divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho, diminuíram para 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto, ante expectativa de 235 mil de analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, haviam sido 234 mil pedidos, em dado revisado para cima.

Além disso, as vendas no varejo por lá cresceram 1% em julho, bem acima da projeção de 0,3% de economistas. Em junho, os dados foram revisados para queda de 0,2%.

Na quarta-feira, o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) ainda veio em alta modesta para julho, com a inflação em 12 meses caindo abaixo de 3%.

Os novos dados trouxeram ainda mais alívio aos temores de recessão que derrubaram Bolsas pelo mundo na semana passada.

"Nós projetamos um pouso suave (da economia norte-americana)", afirmou o economista-chefe Suno Research, Gustavo Sung.

A percepção de uma economia mais forte balizava as apostas sobre a política monetária norte-americana. Agentes financeiros dão como certo que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) irá começar o ciclo de cortes de juros na próxima reunião, marcada para setembro, mas com uma redução mais branda por causa da resiliência econômica.

Agora, um corte inicial de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%, se tornou o de maior probabilidade, com endosso de quase 75% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.

Antes, com os temores de uma desaceleração acentuada na economia, agentes apostavam em uma redução de maior magnitude, a 0,50 ponto, e até especulavam a possibilidade de uma reunião extraordinária do Fed, antes de setembro.

Em tese, quanto mais o banco central dos EUA reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo frente a outras moedas quando os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro, chamados de Treasuries, caem.

Na véspera, a sessão foi marcada por dados de inflação dos Estados Unidos, aferidos pelo CPI, e pela política monetária doméstica.

Os agentes financeiros seguem focados na percepção crescente de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no atual patamar de 10,50% ao ano ou até mesmo elevá-la antes do final de 2024.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados na terça-feira, Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, afirmou que o BC tenta "manter a taxa de juros o mais baixa possível fazendo a inflação convergir para a meta".

A autoridade monetária trabalha com a meta em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Na leitura de julho do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o resultado anual veio em 4,5% —exatamente no limite da banda.

O presidente do BC disse que o combate à inflação tem avançado, mas "é preciso perseverança nesse trabalho", justificando que a desinflação tem arrefecido e as expectativas encontram-se desancoradas.

Já Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e favorito à presidência do BC ao término do mandato de Campos Neto, afirmou em evento na segunda-feira (12) que a possibilidade de aumento de juros está na mesa.

A fala reforçou o que a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) já previa, em recado que foi minimizado por alguns agentes do mercado.

"Talvez em algum momento, quando se colocou o cenário alternativo (...), foi lido como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom", afirmou Galípolo.

Na quarta-feira (14), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,37%, aos R$ 5,469, e a Bolsa brasileira avançou 0,69%, aos 133.317 pontos, o maior patamar desde 27 de dezembro do ano passado, quando atingiu a máxima histórica de 134.193 pontos.


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