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Dólar segue hegemônico no mundo enquanto sobe por aqui e o que importa no mercado

Por Folha de São Paulo

26/06/2024 8h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dólar segue hegemônico no mundo enquanto sobe por aqui, projetos para taxar vacas, na Dinamarca, e os bilionários, no Brasil e no exterior e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (26).

**QUEM NÃO QUER DÓLAR?**

O dólar continua a ser a principal moeda de reserva de valor do mundo. Desde 2022, sua participação se mantém em 58%, o que encerrou um ritmo de queda registrado na última década.

Por quê? Tensões geopolíticas, a força da economia dos EUA e a atual política de juros altos no país explicam a preferência pela divisa americana.

O desafio dos Brics. Países emergentes, entre eles o Brasil, defendem a criação de uma moeda comum para facilitar o comércio e depender menos do dólar. Os desafios, porém, são grandes, de acordo com o Atlantic Council.

Num primeiro momento, o comércio direto entre duas nações do Brics é o mais viável, como a China tem apostado em suas relações nas chamadas “linhas de swap”.

ENTENDA

A China fornece uma quantia de yuan sem exigir dólares, o que ajuda principalmente países em momentos de crise. Em troca, eles fornecem a quantidade equivalente em sua moeda

Essa conversão direta só é possível entre países com forte relação comercial. China e Argentina fizeram um acordo para diminuir o uso do dólar em 2023, por exemplo.

A participação da yuan nas reservas globais caiu para 2,3% em relação ao pico de 2,8% em 2022.

E O BRASIL?

Compras diretas entre com a China têm sido feitas sem o moeda americana, principalmente em empresas que com operação nos dois países.Vale e Suzano fizeram vendas em yuan porque tem divisões na China, para onde enviaram os valores.]

Ações como essa são incentivado pelo governo federal, que assinou um memorando de entendimento para promover o comércio bilateral nas moedas locais em 2023.

"Nós precisamos ter uma opção que deixe os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar", afirmou Lula à época.

Enquanto isso… O dólar voltou a subir no Brasil e chegou ao patamar de R$ 5,45, fortalecido pelas expectativas de juros altos nos EUA por mais tempo. Incertezas sobre o futuro das contas públicas no Brasil também jogaram contra o real.

**RECADOS DA ATA DO COPOM**

O Banco Central divulgou os detalhes da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nesta terça (25). A ata do encontro reforçou a visão de consenso entre os membros, que mantiveram os juros básicos do país em 10,50% na última semana.

A palavra “unanimemente” foi usada quatro vezes no documento.

Uma divergência foi sobre o futuro da inflação. A maioria vê riscos de alta e de baixa na mesma proporção, mas há diretores que indicam haver chance maior de alta.

ENTENDA

A taxa de juros básica, a Selic, é o principal instrumento para baixar a inflação. Ela impacta todas as outras taxas de juros da economia. Quando sobe, controla os preços, mas também freia o consumo, dificulta o acesso ao crédito e o crescimento econômico.

As expectativas de inflação e o dólar aumentaram recentemente, o que contribuiu para a decisão do Copom de manter os juros em 10,50%, encerrando o ciclo iniciado em 2023.

A NOVIDADE

Certo consenso havia sido mostrado com a decisão unânime da semana passada, um ponto elogiado por analistas e até por membros do governo. De novo, a ata mostrou que todos os membros têm uma visão de cautela.

"Vigilante" e "firme" foram termos enfatizados na ata ao comentar a postura geral.

REPERCUSSÕES

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a ata usou a palavra “interrupção” para falar sobre a decisão de manter os juros. Isso poderia indicar novos cortes no futuro.

SIM, MAS...

O Copom afirmou que próximos ajustes serão ditados pelo "firme compromisso" de levar as expectativas de inflação à meta.

O homem do presidente. Indicado por Lula para o Copom, o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, afirmou que a ata mostra que os membros do colegiado estão “afinados”, e que a decisão diminui incertezas abertas pela divergência da reunião anterior.

O economista é o nome mais cotado para assumir o Banco Central em 2025. Nesta terça, ele se encontrou com Lula e Haddad para discutir a última mudança na meta de inflação.

**TAXAS PARA BILIONÁRIOS**

O plano encomendado pelo governo do Brasil ao economista francês Gabriel Zucman para taxar bilionários ficou pronto. A ideia do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad (Fazenda) é apresentar a proposta aos países do G20 em julho.

O G20 acontece este ano no Brasil. O encontro de presidentes será em novembro.

ENTENDA

Um acordo internacional para a taxação de grandes fortunas é visto como crucial por quem defende a pauta, já que evitaria remessas para escapar do imposto.

Em entrevista à Folha de S.Paulo em visita ao Brasil, Zucman defendeu que a tragédia recente das chuvas no Rio Grande do Sul reforça a necessidade de taxação.

Para a Nobel de Economia Esther Duflo, a pauta não é mais de esquerda ou direita.

A PROPOSTA

A taxação tem o potencial de arrecadar até US$ 250 bilhões (R$ 1,3 trilhão) por ano de 3.000 “super-ricos” no mundo. O imposto seria de 2% sobre pessoas físicas com patrimônio superior a US$1 bilhão (R$5,44 bilhões).

ALÉM DOS BILIONÁRIOS

O plano também alternativas para aumentar a arrecadação. Taxar pessoas com riqueza acima de US$ 100 milhões (R$ 543,7 milhões) poderia garantir mais US$ 140 bilhões (R$ 761,1 bilhões).

LULA VS RICOS

Em viagem a Europa neste mês, o presidente do Brasil defendeu a taxação em evento da Organização Internacional do Trabalho na sede da ONU em Genebra, Suíça.

Ele usou o exemplo do bilionário Elon Musk, seu desafeto, para defender a ideia. O bilionário é o segundo homem mais rico do mundo, atrás de Bernard Arnault.

DESAFIOS

O próprio Zucman reconhece que a pauta é difícil, e o plano foi apresentado como uma proposta inicial. Ele aponta dois desafios principais: o primeiro é a necessidade de fechar lacunas na troca internacional de informações e na identificação de bens; o segundo é a política.

SIM, MAS...

O apoio de Estados Unidos e Alemanha são vistos como crucial para a proposta evoluir. O mais certo, no entanto, que a França seja favorável.

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que o país não era a favor de criar um imposto, mas Biden tem sido cobrado pelo Partido Democrata e se comprometeu a apoiar.

O que os bilionários pensam? Nem todos defendem, claro, mas um grupo deles lançou uma carta no começo do ano pedindo mais impostos. Assinaram o documento Abigail Disney, herdeira do império de entretenimento, e o ator da série Succession Brian Cox (ele mesmo, o Logan Ryan).

**...E TAXAS PARA AS VACAS**

A Dinamarca pode cobrar cerca de 100 euros (R$ 583) ao ano de seus pecuaristas pelas emissões de gases de cada uma de suas vacas, no que seria a primeira ação do tipo no mundo. O valor é resultado da taxa de 16 euros por tonelada de dióxido de carbono.

Uma vaca dinamarquesa produz seis toneladas por ano, em média.

ENTENDA

Animais como vacas e ovelhas produzem metano em seus sistemas digestivos, e a cadeia de fertilizantes sintéticos usados no pasto também é poluente. Assim, a pecuária representa 11% das emissões mundiais.

Das emissões diretas, o gado bovino representa a principal fatia (62%), seguido pelo suíno (14%), pelas galinhas (9%), búfalos (8%) e ovelhas e cabras (7%).

EM PRODUTOS

A carne é a principal fonte (67%), à frente do leite (30%) e dos ovos (3%).

REPERCUSSÕES

O setor agropecuário criticou o acordo, e alguns grupos ambientais argumentaram que descontos e exceções deixariam o imposto ineficaz. A proposta da Dinamarca prevê a aplicação da taxa a partir de 2030 e ainda é discutida no legislativo.

NO MUNDO...

A Nova Zelândia desistiu neste mês de criar um imposto semelhante sobre os criadores de ovelhas e vacas. A União Europeia estuda como estabelecer um mercado de carbono para as emissões agrícolas, que afetaria também a Dinamarca.

O agronegócio está fora dos mercados de carbonos na maior parte do mundo. Entre os principais motivos está a dificuldade para estimar as emissões.

No Brasil, o projeto aprovado no fim de 2023 pela Câmara que ainda precisa de aval do Senado também exclui o agro do mercado de carbono. O país é o sexto maior emissor de gases do mundo.

O QUE É

O mercado de carbono permite que empresas poluidoras abatam suas emissões com créditos comprados de quem cumpre metas ambientais e têm “saldos” para vender. O mecanismo é apontado como crucial para garantir a transição energética.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

GOVERNO LULA

Lula dá aval para meta contínua de inflação de 3% em reunião com Galípolo e Haddad. Detalhes do decreto que formaliza mudança no sistema são definidos em encontro no Planalto.

AGRONEGÓCIO

Produtores, intermediários e especuladores: quem ganha com a alta do cacau? Problemas na safra na África Ocidental levam o preço do produto a disparar neste ano.

MINISTÉRIO DA FAZENDA

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