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Há uma nova janela para aprovação do acordo entre Mercosul e UE, diz ministro espanhol

Por Folha de São Paulo

24/07/2024 16h00 — em
Economia



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com um novo Parlamento Europeu, e eleições na França, abre-se uma nova janela para a aprovação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Essa é a avaliação do ministro da Economia da Espanha, Carlos Cuerpo, que está no Brasil para as reuniões do G20.

"Nos próximos meses teremos o novo conjunto de comissários europeus, e acredito que se abre uma boa janela de oportunidade para colocar esse grande projeto de volta à mesa", disse à reportagem nesta quarta-feira (24).

A Espanha é um dos países favoráveis ao acordo e, quando presidiu o Conselho da União Europeia, em 2023, tornou a sua aprovação uma das prioridades.

"Faltava muito pouco para chegar a esse acordo. Infelizmente não foi possível obtê-lo. Mas nós, juntamente com outros grandes países da União, continuamos a pressionar para tornar isso possível", afirma Cuerpo.

Já a França é um dos principais opositores ao tratado, por considerá-lo datado em relação a questões de clima, descarbonização e biodiversidade. Este é um ponto especificamente delicado para a agricultura brasileira, sobretudo pelos agrotóxicos. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), centenas de pesticidas foram autorizados. Muitos deles não são permitidos em outros países.

Segundo Cuerpo, as eleições legislativas na França, com vitória da coalizão de centro-esquerda sobre a extrema-direita, podem ajudar a mudar esse cenário.

"É hora de voltarmos a nos sentarmos à mesa e conceber, de forma realista, qual é a situação. Se houver vontade, há um caminho. É importante aproveitarmos esta janela de oportunidade para dar impulso político ao projeto", disse Cuerpo.

Negociada oficialmente desde 1999, a resolução esbarra não só em novas condicionantes ambientais pedidas pelos europeus como também em divergências do governo brasileiro sobre prejuízos à reindustrialização do país.

"Antes mesmo da pandemia de Covid-19 já estava claro que [o acordo] tinha muitas vantagens para todos. Mas, agora, com um contexto geopolítico cada vez mais complexo, onde falamos de autonomia estratégica, de segurança econômica, temos uma visão muito clara de que a Europa tem de olhar para a América Latina e vice-versa", afirma o espanhol.

A Espanha também apoia a proposta brasileira de taxar os super-ricos, que está em debate no G20. Segundo estimativas, um aumento de impostos aos bilionários poderia gerar uma arrecadação de US$ 250 bilhões, que seriam utilizados em para medidas de desenvolvimento e de combate às mudanças climáticas.

"Estou convencido de que todo esse esforço que nossos colegas brasileiros colocaram sobre a mesa [no G20] nos permitirá avançar e lançar as bases para um acordo sólido nesta área", afirma Cuerpo.

A inclusão da taxação dos super-ricos no comunicado final do bloco, porém, ainda é incerta. Alguns países se mostraram contrários à proposta em discussões anteriores, como os Estados Unidos.

"Devemos ter em mente que se trata de uma discussão nova nesta área. Não estamos no fim do caminho, mas estou otimista de que, aos poucos, todos os países, estão percebendo o impacto benéfico que isso pode ter", diz o ministro espanhol.


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