Mercado brasileiro é concentrado e precisa de aviões menores, diz Embraer
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com pouca presença de aviões da Embraer na frota, o mercado brasileiro é concentrado e precisa ampliar a conectividade por meio de aeronaves menores usadas em voos regionais, afirma Rodrigo Souza, vice-presidente de aviação comercial da fabricante brasileira.
Segundo o executivo, que participou de evento do setor em São Paulo nesta quinta-feira (29), os aviões da fabricante que são menores em relação aos modelos mais famosos da Boeing e da Airbus seriam uma alternativa para a descentralização do mercado no país. "Não dá para fazer novas rotas com aviões de 200 assentos", disse, ao ser questionado pela Folha.
O CEO da fabricante, Francisco Gomes Neto, diz ficar feliz em ver o governo brasileiro tentando ajudar a companhia. Segundo ele, apenas 12% das aeronaves utilizadas pelas empresas aéreas do país são da Embraer.
"Em outros países onde se produz avião, o percentual de aviões fabricados no próprio país passa de 40% da frota. No Brasil, são 12% porque só uma empresa aérea voa com aviões [da Embraer]", afirma Gomes Neto, referindo-se à Azul.
Durante evento da Embraer no interior de São Paulo em julho, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, havia dito que as companhias aéreas do país (Gol, Latam e Azul) precisariam comprar aviões da fabricante brasileira se quisessem ter acesso a um financiamento do banco.
No entanto, durante entrevista a jornalistas em evento do Santander nesta quarta-feira (28), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que o governo não tinha como obrigar as companhias aéreas a encomendarem aviões da Embraer. Ele afirmou, porém, que o ministério está tentando fazer com que as empresas se sensibilizem com o tema.
Segundo a Embraer, a empresa já não estava contando com essa obrigação de compra de aeronaves por parte das companhias brasileiras.
Também nesta quarta, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que permite o uso do FNAC (Fundo Nacional de Aviação Civil) para a concessão de empréstimos para companhias aéreas via BNDES. O texto já havia passado pelo Senado e segue agora para sanção presidencial.
De 2024 a 2043, a fabricante brasileira planeja entregar 10,5 mil aviões comerciais de até 150 assentos. Desse montante, somente 9% serão destinados a clientes latinos mesmo patamar previsto para África e Oriente Médio.
A maior parte das entregas previstas para as próximas décadas vai para Ásia e Pacífico, região que deve receber 3.240 aeronaves do tipo até 2043, cerca de 31% do total previsto. A América do Norte vai receber 28% dos aviões, e a Europa, 23%.
O evento realizado pela Embraer nesta quinta (29) comemora os 35 anos de listagem da companhia na Bolsa brasileira.
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