Minha Casa, Minha Vida tem mais unidades com varanda, mas tamanho ainda é entrave
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Construtoras ampliaram o número de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida com sacada, uma inclusão defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia que substituiu o Casa Verde e Amarela pelo Minha Casa, Minha Vida.
O cômodo adicional tem sido acrescentado às plantas de imóveis destinados às faixas 2 e 3 do programa de financiamento popular, que exigem renda maior, e a área disponível varia de 2 a 7 metros quadrados, de acordo com as empresas ouvidas pela reportagem.
Nesta gestão do governo Lula foi reativada a faixa 1 de renda, ampliado o valor máximo de cada faixa salarial e o teto dos imóveis que podem ser financiados passou para R$ 350 mil.
A MRV Engenharia é uma das que passou a oferecer mais unidades do Minha Casa com varanda. Metade dos empreendimentos da incorporadora que fazem parte do programa de financiamento popular têm sacada, e, destes, 40% têm varanda gourmet, ou seja, contam com espaço de churrasqueira. O diretor comercial da empresa Sérgio dos Anjos afirma que as mudanças realizadas no programa pelo governo permitiram a construção de apartamentos melhores.
Construtora - Projetos MCMV com varanda - Área média das varandas
MRV - 50% - 2,6 m²
Melnick - -
Cury - 50% - 2 m² a 7 m²
Vibra - 70% - 4 m²
"Houve mudanças de faixas, de valores, de renda, de taxas. Então, de alguma forma, a mudança que teve no ano passado traz alguns benefícios nesse sentido. Diante disso, acho que a varanda tem sido um componente importante", disse.
Sérgio ainda vê as varandas restritas às faixas 2 e 3 do programa. "Vai ficar muito mais concentrado no grupo 2, e, principalmente, no grupo 3. Por que você realmente está agregando mais custo, vai precisar de renda maior".
Faixas - Renda familiar
Áreas urbanas (mensal) Áreas rurais (anual)
1 - até R$ 2.640,00 - até R$ 31.680,00
2 - de R$ 2.640,01 a R$ 4.400,00 - de R$ 31.608,01 a R$ 52.800,00
3 - de R$ 4.400,01 a R$ 8.000,00 - de R$ 52.800,01 a R$ 96.000,00
A Melnick, incorporadora gaúcha que atende à faixa 3 do Minha Casa, vê no aumento do teto um incentivo para a entrega de empreendimentos com varanda.
"Se o teto, por exemplo, era um limitador de preço de venda, você só poderia construir um projeto com alguns atributos. O aumento permite qualificar o imóvel do Minha Casa, Minha Vida. Essa qualificação cada empresa decide onde põe. Se põe na varanda, se põe em uma piscina maior, se qualifica a fachada", afirmou Leandro Melnick, CEO da empresa.
A Cury, presente em São Paulo e no Rio de Janeiro, tem 70% de seus empreendimentos no Minha Casa, Minha Vida. Segundo a construtora, pelo menos metade de todas as unidades construídas possuem varandas, com áreas que variam de 2 a 7 metros quadrados.
A varanda gourmet é uma tendência do mercado imobiliário nos últimos dez anos, que se acentuou com a pandemia. "As pessoas passaram a entender melhor onde moram. A pandemia foi um acelerador muito grande para que buscassem algo a mais do que elas tinham. Então acho que a varanda faz parte disso, de ter um espaço diferente fora do meu apartamento", afirma Sérgio dos Anjos.
A Vibra Residencial, parte do Grupo Nortis, já entrega todos os projetos da faixa 3 com varandas gourmet. "Os clientes têm uma preferência muito clara do quanto a varanda significa em qualidade de vida para eles, por isso nosso trabalho de tentar viabilizar essa tipologia para todos. Nesses casos, diria que a valorização pode chegar a 10% do valor do imóvel", afirma Murilo Santos, diretor comercial da empresa.
O tamanho das varandas é um ponto sensível nos projetos, já que áreas maiores valorizam os imóveis e os desenquadrariam do programa. Mas varandas muito pequenas podem não comportar móveis, o que diminui seu uso.
"Geralmente, as varandas entre 2 e 3 metros quadrados são varandas simbólicas, porque se você não consegue integrar com a sala, não dá para fazer nada, não cabe uma mesa, uma poltrona, nada. De 5 a 7 metros quadrados é mais interessante, mas é bem difícil de encontrar nos projetos", afirma a arquiteta Luciana Patriarcha.
Ela diz que os projetos com varanda já eram uma tendência de mercado mesmo entre lançamentos feitos durante o Casa Verde e Amarela, e que o o objetivo das empresas é aumentar o valor do metro quadrado. A varanda é um elemento com alto custo, que exige mais tempo de obra e adaptações, o que inviabiliza a inclusão na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, afirma. "Quando você coloca uma varanda, dá uma estagnada na obra, e para o mercado imobiliário tempo é dinheiro."
Além das varandas, as construtoras passaram a priorizar também na criação de áreas comuns nos empreendimentos do Minha Casa, como praças, quadras, piscinas, salões de jogos e mercadinhos. Para Leandro, esses espaços criam 'clubes' nos condomínios.
ASSUNTOS: Economia