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Onda de recuperações judiciais no agronegócio é fruto de advocacia predatória, diz BB

Por Folha de São Paulo

14/11/2024 20h00 — em
Economia



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A recente onda de recuperações judiciais de produtores rurais é fruto de uma advocacia predatória e já está sob controle, segundo o Banco do Brasil. A instituição financeira tem 210 clientes do agronegócio em RJ, que representam apenas 0,01% do total da clientela rural.

"Percebemos que muitos advogados estão vendendo sonhos para ruralistas, dizendo que eles resolveriam todas as suas questões financeiras. E, muitos deles, ao invés de virem falar conosco primeiro, caem nesse conto da sereia da advocacia predatória", disse Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB, em conversa com jornalistas para comentar o balanço do terceiro trimestre deste ano.

O banco teve um lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões no período, uma alta anual de 8,3% e trimestral de 0,1%.

O número de produtores rurais brasileiros que entraram com pedido de recuperação judicial no segundo trimestre mais que triplicou em relação ao mesmo período do ano anterior. O total saltou de 34 para 121, de acordo com o provedor de dados de crédito Serasa Experian. Os produtores de soja foram responsáveis por 53 pedidos, com a queda no preço internacional da commodity.

Segundo as regras do banco, é obrigatória a provisão de 30% do crédito do cliente em caso de RJ, o que levou a um aumento na PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosos) de 34% no intervalo de julho a setembro em relação ao ano passado e de 29% na comparação trimestral, para R$ 10,1 bilhões.

Para conter esse movimento, o Banco do Brasil afirma estar procurando, ativamente, seus clientes rurais e buscando outras saídas para as dificuldades no pagamento de contas. Diferentemente das RJs de empresas, no agronegócio, o agricultor fica inapto a captar crédito em todo o sistema financeiro.

"São instrumentos utilizados por poucos, mas que trazem danos a todos", disse Tarciana Medeiros, presidente do BB. "Conversamos com clientes, um a um, no Centro-Oeste, quando percebemos essas RJs no agronegócio."

A inadimplência do agronegócio ficou em 1,97% da carteira no terceiro trimestre, um salto de 1,26 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. De acordo com os executivos do banco, sem os pedidos de RJ, o indicador estaria perto de 0,5%, próximo ao patamar pré-pandemia.

CONSIGNADO

O Banco do Brasil afirma que o governo deve subir o teto de juros da modalidade consignado INSS por conta da alta da Selic —a taxa básica de juros subiu de 10,50% para 11,25% nos últimos meses e a expectativa do mercado é que se aproxime dos 13% em 2025.

O atual teto foi definido pelo Conselho Nacional de Previdência Social em maio, quando a Selic ainda estava em trajetória de queda. Recentemente, segundo bancos privados, a operação deixou de ser rentável, o que os levou a reduzir a oferta da rentabilidade.

Segundo a presidente o BB, esse não é o caso da estatal no momento, que visa, inclusive, expandir essa oferta de crédito. "Caso o patamar não dê rentabilidade, vamos conversar com o Ministério [da Previdência Social] para ajustar o teto conforme a necessidade."

A próxima reunião do Conselho Nacional de Previdência Social está marcada para 28 de novembro. Alguns bancos apontam que o limite mensal de 1,66% é restritivo com alta da Selic.

Essa modalidade representa 42,2% dos empréstimos do BB a pessoas físicas, e alcançou R$ 137,2 bilhões em setembro, um aumento de 11,2% em relação ao mesmo mês de 2023.

Quase todas as operações de consignado do banco (97,5%) são realizadas com servidores públicos e aposentados ou pensionistas, o que a torna mais segura e estável.

OUROCARD

A presidente do BB diz que o foco do banco em 2025 será a expansão do Ourocard em meio aos clientes que já têm relacionamento com o banco. Para isso, a instituição irá investir em turnês como a de Caetano Veloso e Maria Bethânia, que contam com pré-venda exclusiva para quem tiver o cartão de crédito Ourocard Visa.

A próxima turnê patrocinada pelo banco é a Tempo Rei, a última da carreira de Gilberto Gil, em 2025. Já foram vendidos mais de 210 mil ingressos, levando à abertura de novas datas.

Nesta segunda-feira (18), o banco irá anunciar sua próxima empreitada, a Aurea Tour, turnê do DJ Alok

Nesse segmento, o BB está atrás dos concorrentes. Em relação à carteira total de pessoas físicas, o cartão de crédito representa apenas 16,7%. Dos 85 milhões de clientes, apenas 24 milhões usam ativamente o meio de pagamento.

Após reajustar os modelos de concessão de crédito, o banco reduziu a inadimplência do produto de 8,25% para 6,63% do total nos últimos 12 meses. Segundo os executivos, o BB está pronto para ampliar a oferta, sem aumentar o risco de crédito, com uma maior análise de histórico financeiro dos clientes na hora de calcular o limite concedido.

Com a maioria dos clientes Ourocard de renda A e B, agora o banco mira os clientes da classe C, D e E, que somam 6 milhões de cartões atualmente.

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A repórter viajou a convite do Banco do Brasil

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RAIO-X | BANCO DO BRASIL

Fundação: 1808

Lucro no 3º trimestre de 2024: R$ 9.515 bilhões

Agências: 3.997

Funcionários: 87.580

Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal


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