Onda de recuperações judiciais no agronegócio são fruto de advocacia predatória, diz BB
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Segundo o Banco do Brasil, a recente onda de recuperações judiciais de produtores rurais é fruto de uma advocacia predatória e já está sob controle.
"Percebemos que muitos advogados estão vendendo sonhos para ruralistas, dizendo que eles resolveriam todas as suas questões financeiras. E, muitos deles, ao invés de virem falar conosco primeiro, caem nesse conto da sereia da advocacia predatória", disse Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB, em conversa com jornalistas para comentar o balanço do terceiro trimestre deste ano.
O número de produtores rurais brasileiros que entraram com pedido de recuperação judicial no segundo trimestre mais que triplicou em relação ao mesmo período do ano anterior. O total saltou de 34 para 121, de acordo com o provedor de dados de crédito Serasa Experian.
Os produtores de soja foram responsáveis por 53 pedidos, com a queda no preço internacional da commodity.
O Banco do Brasil tem 210 clientes do agronegócio em RJ, que representam apenas 0,01% do total da clientela rural do BB.
"São instrumentos utilizados por poucos, mas que trazem danos a todos", disse Tarciana Medeiros, presidente do BB.
Segundo as regras do banco, é obrigatória a provisão de 30% do crédito do cliente em caso de RJ, o que levou a um aumento na PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosos) de 34% no intervalo de julho a setembro em relação ao ano passado e de 29% na comparação trimestral, para R$ 10,1 bilhões.
Para conter esse movimento, o Banco do Brasil afirma estar procurando, ativamente, seus clientes rurais e buscando outras saídas para as dificuldades no pagamento de contas. Diferentemente das RJs de empresas, no agronegócio, o agricultor fica inapto a captar crédito em todo o sistema financeiro.
"Conversamos com clientes, um a um, no Centro-O este, quando percebemos essas RJs no agronegócio", disse Tarciana.
A inadimplência do agronegócio ficou em 1,97% da carteira no terceiro trimestre, um salto de 1,26 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com os executivos do banco, sem os pedidos de RJ, a inadimplência do agronegócio estaria perto de 0,5%, próximo ao patamar pré-pandemia.
RAIO-X | BANCO DO BRASIL
Fundação: 1808
Lucro no 3º trimestre de 2024: R$ 9.515 bilhões
Agências: 3.997
Funcionários: 87.580
Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal
ASSUNTOS: Economia