Reta final de corte de gastos tem reunião sem Tebet e viagem internacional de nº 2
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Na reta final de definição do pacote de ajuste fiscal, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), ficou de fora da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que discutiu as medidas de corte de gastos, na noite de terça-feira (29) no Palácio da Alvorada.
Desde o início do governo Lula, é a equipe de Tebet que está à frente do programa de monitoramento e avaliação de políticas públicas, que aponta as medidas de corte de despesas.
Participaram da reunião com Lula, além dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil), o petista Aloizio Mercadante, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento e Social), e o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Todos eles apontados como homens de confiança de Lula.
Um dos integrantes da equipe de Tebet ressaltou que as propostas das medidas são do Ministério do Planejamento e Orçamento com aperfeiçoamento e ajustes técnicos do Ministério da Fazenda. Segundo relatos obtidos pela Folha, a ministra não foi convidada para reunião no Alvorada.
Além de não ter sido participado da reunião com Lula, a ministra também ficou nesta semana decisiva sem o seu secretário-executivo, Gustavo Guimarães.
O nº 2 de Tebet participa entre os dias 26 de outubro e 03 de novembro, em Londres, do Brazil-UK Insurance Forum, organizado pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) em parceria com Associação Britânica de Seguradoras.
Braço direito de Tebet, Guimarães tem participação direta nas medidas propostas pela pasta. A ausência de Guimarães numa semana crucial chamou atenção porque o tema do seminário não está diretamente vinculado às áreas da pasta.
A ausência de Tebet na reunião de "cúpula" de Lula foi notada por especialistas em contas públicas, após informações que circularam no mercado financeiro de que um integrante da equipe de Tebet teria relatado em reunião com representantes do mercado que a ministra e sua equipe não estariam no núcleo restrito responsável pela definição das medidas de revisão de gastos levadas a Lula.
Tebet seria apenas informada da decisão, de acordo com as informações que circularam na semana passada. A estratégia teria sido montada para evitar vazamento das medidas. À Folha de S.Paulo, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, negou as informações, via sua assessoria, e reforçou que os dois ministérios estão trabalhando juntos na elaboração das medidas.
Auxiliares de Tebet, na condição de anonimato, disseram à reportagem que a Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas, comandada pelo economista Sergio Firpo, lidera a revisão de gastos, e que os primeiros estudos das medidas foram levados ao Ministério da Fazenda ainda no começo deste ano num diálogo técnico com o os secretários Dario Durigan (Executivo) e Guilherme Mello (Política Econômica).
Procurada pela Folha de S.Paulo, a pasta disse que Tebet está participando de todo o processo decisório relacionado ao tema, mas não quis responder a razão de ela não estar na reunião com Lula. Segundo a assessoria da ministra, a viagem de Guimarães não prejudica o assessoramento de Tebet. Ainda de acordo com a assessoria, a pauta de revisão de gastos está sendo conduzida pela ministra do com apoio da secretaria de Sérgio Firpo e da SOF (Secretaria de Orçamento Federal).
A SOF está com o comando vago desde 26 de junho, quando o então secretário Paulo Bijos deixou o cargo menos de dois meses do envio do Orçamento de 2025 para o Congresso.
De lá para cá, a SOF vem sendo comandada pelo secretário substituto Clayton Montes, servidor de carreira da instituição desde 1998.
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